Parada de aplicativo de ônibus em shopping vira tormento para vizinhos
Moradores de pelo menos dois prédios fizeram reclamações ao centro comercial e ao Poder Público
De queridinho dos clientes de viagens de ônibus a pivô de polêmica. É no que se transformou a Buser, aplicativo que oferece os trajetos a preço menor do que as empresas tradicionais, com funcionamento semelhante ao da Uber, a pioneira desse tipo de serviço no mundo.
Na semana passada, um veículo foi apreendido na rodovia, fazendo “linha” para o aplicativo de forma irregular. Em Campo Grande, são os vizinhos de parada que fica no shopping mais antigo da cidade, na Avenida Afonso Pena. Além desse local, os clientes também embarcam na Rua Saldanha Marinho, 80, no Bairro Amambaí.
Incomodados principalmente com o barulho dos motores dos ônibus ligados e com as buzinas, que dizem ser usadas para chamar atenção dos viajantes, moradores dos edifícios Tom Jobim e Aroeira, no Bairro Santa Fé, já reclamaram para a direção do shopping Campo Grande e para órgãos públicos municipais e estaduais sobre o ponto. Ele fica no estacionamento do supermercado Carrefour e, segundo moradores ouvidos pelo Campo Grande News, além de veículos com passageiros, até ônibus com encomendas param por ali.
Não tem horário de chegada e saída. Seis da manhã, 22 horas, 23 horas, em plena época de pandemia. Até ônibus com carga de mercadorias está vindo”, cita um morador, que pede para ter o nome preservado.
Segundo ele, além do barulho dos motores ligados mesmo enquanto os ônibus estão parados e da buzina, a aglomeração de passageiros é um risco. “Parece ponto de Rodoviária”, cita o morador.
Outro morador, que também não quer ser identificado, disse que além de conversar com administração do centro comercial, foram feitas queixas à Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Agepan (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos) e até Secretaria de Saúde.
A apuração da reportagem mostra que desde dezembro a movimentação aumentou e os vizinhos procuraram o shopping para pedir soluções. Foi levantado, ainda, que a administração vai reunir o conselho de moradores de um dos residenciais para definir medidas.
Entre os donos de imóveis, não é descartada a entrada na Justiça.
Vídeos feitos em dezembro mostram a movimentação no estacionamento. O Campo Grande News também receu fotos de ontem, uma delas com dois coletivos.
Segundo a reportagem levantou, os veículos chegaram a parar de circular por ali, e o ponto do Santa Fé foi improvisado num “Peg Fácil” da prefeitura, onde os ônibus do transporte coletivo urbano param, na Afonso Pena.
Mas ali é que não pode, segundo o contato feito com a Agetran. O diretor-presidente, Janine de Lima Bruno, informou que foram feitas fiscalizações para impedir o uso do ponto do transporte público para o embarque em ônibus particular.
De acordo com ele, a Agetran não foi provocada ainda oficialmente para agir em relação ao uso do espaço interno do shopping para o embarque e desembarque. Segundo Janine, o próprio estabelecimento pode tomar providências sobre o assunto, já que é uma área privada.
Na Agepan, a informação dada é de que o órgão fiscaliza se os ônibus usados pela Buser são de empresas regulares e não a parada em si.
O shopping Campo Grande informou que já notificou a Buser sobre as reclamações dos moradores.
A Buser, em nota, declarou ter acordo com o shopping para o embarque e desembarque de passageiros e o cumprirá até o final do mês de janeiro, quando passará a operar em outro local, respeitando assim o estabelecido no contrato.
Sobre o barulho, a empresa diz que "os ônibus das empresas parceiras emitem ruídos dentro dos limites permitidos pela legislação, em horários que não diferem do padrão estabelecido por nenhuma outra prefeitura".
Ainda de acordo com a nota, a Buser opta sempre por locais de fácil acesso, justamente por isso buscou a segurança de um shopping center para dar mais comodidade aos viajantes.
Vai para onde? - Em Campo Grande, a Buser faz trajetos para Andradina (SP), Araçatuba (SP), Assis (SP), Bauru (SP), Brasília (DF), Corumbá (MS), Cuiabá (MT), Dourados (MS), Goiânia (GO), Maringá (PR), Ponta Porã (MS), Presidente Prudente (SP), Rondonópolis (MT), São José do Rio Preto (SP) e São Paulo (SP).
Uma viagem para Corumbá, por exemplo, custa pelo menos R$ 130 o trecho nas empresas convencionais e na Buser está saindo por até R$ 69. Ainda existem promoções que dão uma dos trajetos de graça para a primeira viagem.
(Matéria editada às 18h23 para acréscimo de informação)
