PMs eram alvos da Polícia Federal em operação contra quadrilha de traficantes
Operação cumpriu mais de 90 mandados em cidades de MS, SP, PR e MG
Suspeitos de integrarem uma quadrilha que movimentou mais de R$ 155 milhões com o tráfico de drogas, policiais militares de Mato Grosso do Sul estão entre os investigados pela Polícia Federal na Operação Aqueus, deflagrada nesta terça-feira (14). Os líderes da quadrilha são moradores de Três Lagoas, a 327 quilômetros de Campo Grande.
Os policiais suspeitos fazem parte da Força Tática do 4° Batalhão de Ponta Porã, são eles: Jean Carlos Vaz Elias, Everton Gabriel Ferreira Lucas, Tatiane Belarmino da Silva e José Fernando Roda Gomes. Contra eles, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, nas casas e no Batalhão da PM.
O grupo era comandado por Heitor Ferreira Gomes, conhecido por "Gordinho", este que deu o nome da operação da PF, e Alexandro da Silva Paixão, ambos moradores de Três Lagoas. Eles comandavam todo o trajeto da droga, desde quando adquirida na fronteira com Ponta Porã, na chegada ao depósito em Campo Grande até o local em Três Lagoas, de onde era distribuída para o interior de MS, litoral paulista e interior de Minas Gerais.
Nesta terça-feira, em Campo Grande, um homem foi preso em flagrante em uma chácara utilizada como depósito de drogas do grupo. Com ele, a PF encontrou duas armas de fogo.
Investigações - A PF deflagrou nesta terça-feira (14), a Operação Aqueus, para cumprir 63 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de prisão preventiva e 7 mandados de prisão temporária. Além disso, durante a investigação, houve sequestro de 13 imóveis e bloqueio judicial das contas bancárias de 33 pessoas, físicas e jurídicas.
As investigações começaram em 2020. Foi verificado que o grupo adquiria a droga em Ponta Porã, que faz fronteira com o Paraguai, e depois, a transportava para Campo Grande, onde ficava no depósito. Após, seguia para o entreposto, em Três Lagoas.
Os valores com a venda eram depositados em contas de empresas de fachada, utilizadas, exclusivamente, para lavar o dinheiro. O núcleo movimentou mais de R$ 155 milhões em 14 meses. A PF apurou que o lucro dos líderes três-lagoenses eram recebidos por meio de veículos, dinheiro em espécie e contas bancárias de parentes próximos, que integravam a organização criminosa.
Para ocultar o patrimônio, investiam, principalmente, em imóveis, que eram registrados em nome de terceiros. Em um período aproximado de um ano (entre 2020 e 2021), os líderes da organização criminosa teriam recebido, somente em valores creditados em contas correntes de seus “laranjas”, mais de R$ 3,5 milhões. No entanto, estima-se que o lucro obtido com o tráfico tenha sido superior, porque há valores recebidos em espécie e bens não contabilizados.
Entre os imóveis sequestrados dos investigados, estão uma Fazenda no município de Água Clara e uma casa de veraneio à beira-rio em Três Lagoas, propriedades com valores estimados em mais de R$ 4 milhões.
Mandados - Em Mato Grosso do Sul, os mandados foram cumpridos nas cidades de Três Lagoas, Água Clara, Campo Grande e Ponta Porã. Também foram cumpridos mandados em cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
O nome da operação advém da famigerada Guerra de Troia. Segundo a história, o povo Aqueus (como eram conhecidos os cidadãos das cidades-estado da Grécia antiga), venceram de forma estratégica e inteligente a cidade de Troia, com destaque à batalha entre Aquiles e Heitor, na qual Heitor padece sob a lança de Aquiles, líder dos Aqueus. Um dos principais investigados da operação possui o mesmo prenome do derrotado príncipe de Troia.