Prisão mostra que PCC montou time no Paraguai contra "Flavinho" e Fahd Jamil
Prisão de brasileiro reforça tese da polícia; sobrinhos foram torturados para revelar paradeiro de tio, diz jornal paraguaio
A prisão do brasileiro Flávio Arruda Guilherme , de 31 anos, no fim de semana, reforça a tese da polícia paraguaia de que o PCC (Primeiro Comando da Capital) montou “time” em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha a Ponta Porã (MS), com a intenção de consolidar o controle da região, um dos principais corredores de drogas, armas e cigarros do Paraguai para o Brasil. De acordo com apuração do jornal ABC Color, Flávio faz parte do grupo encarregado de exterminar rivais.
Há 10 dias, o veículo paraguaio já havia divulgado que André de Oliveira Macedo – o traficante brasileiro de 43 anos conhecido como “André do Rap”, que fugiu após conseguir um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal), revogado horas depois – estava em Amambay, estado paraguaio onde está localizada Pedro Juan. Ele também foi enviado em “missão” do PCC.
Órgãos de segurança paraguaios acreditam que André do Rap “agora tem o controle absoluto da região”, ou seja, é o novo chefe da facção de origem brasileira neste ponto da fronteira.
Ainda segundo havia investigado o ABC Color com agentes de inteligência, o objetivo de “do Rap” é reorganizar o tráfico de drogas, armas e munições por ali. Conforme a apuração do jornal paraguaio, “André do Rap” é conhecido pelo comportamento discreto e muito calmo, por isso, a cúpula máxima da “multinacional criminosa” o teria escolhido para fazer essa função de controle.
Já Flávio Arruda Guilherme, segundo o ABC Color, havia chegado a Pedro Juan há um mês, depois de ser libertado de presídio de São Paulo, onde cumpria pena por tráfico de drogas e assalto à mão armada. Ele foi recebido por um dos traficantes mais procurados no Paraguai, Clemencio “Gringo” González, e estava hospedado em casa no Jardim Aurora, onde foi preso na tarde de sábado (28).
A caça – Arruda Guilherme foi enviado com a missão de exterminar integrantes do bando comandado por Fahd Jamil, por muito tempo conhecido como o “Rei da Fronteira”, e seu filho, Flávio Correia Jamil Georges, o "Flavinho", com o objetivo de enfraquecer o clã definitivamente. Desde a morte de Jorge Rafaat em 2016, ainda segundo o jornal paraguaio, “Fuad” tentava ganhar terreno para retomar o controle das operações ilegais na região.
O brasileiro preso no sábado teria comandado o sequestro e assassinato de Riad Jamil Oliveira Salem, 19, Muryel Moura Correia, 36, Felipe Bueno, cuja idade não foi informada, e do paraguaio Cristhian Gustavo Torales Alarcón, 31. Os quatro corpos foram encontrados em cova rasa na zona rural de Pedro Juan Caballero, na quinta passada, dia 26 de novembro.
Riad e Muryel eram sobrinhos de “Fuad” e teriam sido torturados até a morte para revelarem o paradeiro do tio, sumido desde junho, quando foi alvo da terceira fase da Operação Omertà, ação da polícia e Ministério Público brasileiros. Batizada de Armagedon, a etapa da força-tarefa, deflagrada pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos Assaltos e Sequestros) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), tinha como principal alvo o “Rei da Fronteira”.
O preso - Flávio Arruda Guilherme foi enviado a Assunción, capital do Paraguai, e ficará por enquanto sob a guarda do Departamento de Investigações por causa de rumores de que o PCC já preparava o resgate da liderança em Pedro Juan.