ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, DOMINGO  21    CAMPO GRANDE 20º

Cidades

Recomendação pede que indígenas possam usar língua nativa nos presídios

Mulheres indígenas estavam sendo impedidas de conversarem entre si e com seus familiares em seus idiomas

Ana Paula Chuva | 10/08/2023 14:25
Fachada do presídio feminino de Ponta Porã, uma das unidades visitadas (Foto: Tião Prado | Ponta Porã Informa)
Fachada do presídio feminino de Ponta Porã, uma das unidades visitadas (Foto: Tião Prado | Ponta Porã Informa)

O MPF (Ministério Público Federal) e a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul enviaram recomendação à Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para que os indígenas recolhidos em presídios do Estado possam se comunicar através de suas línguas nativas.

A recomendação foi enviada após a constatação de que detentas indígenas estavam sendo impedidas de conversar na sua língua materna. O documento é assinado pelo procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida e pela defensora pública Zeliana Luzia Delarissa Sabala, que pedem ainda a designação de profissionais capacitados para atuarem como intérpretes nas unidades penais.

Também foi recomendada a realização de capacitações e sensibilizações direcionadas aos funcionários das penitenciárias, visando a criação de um ambiente pautado no respeito e na valorização da diversidade cultural.

Segundo o documento, o MPF, a Defensoria e o Ministério das  Mulheres fizeram visitas às penitenciárias femininas de Ponta Porã e Jateí, no dia 28 de junho, e constataram que as mulheres indígenas dessas unidades estão sendo impedidas de se comunicar entre elas e seus familiares na sua língua materna por “motivo de segurança”.

No entanto, para os representantes das instituições, a situação relatada pelas indígenas pareceu ser uma prática institucionalizada da Agepen, levando à conclusão de que todos os originários dentro dos presídios estavam tendo seus direitos humanos violados.

“Uma vez que a proibição arbitrária do uso da língua materna constitui ato discriminatório e atentatório contra a dignidade da pessoa humana”, diz o documento.

Com isso, a recomendação lembra que a Constituição Federal garante o pleno exercício dos direitos culturais e estabelece como patrimônio cultural brasileiro, objeto de especial proteção, os modos de criar, fazer e viver das comunidades indígenas.

O documento destaca ainda que a Resolução 287/2019, do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), estabelece procedimentos para o tratamento dos indígenas acusados, réus, condenados ou privados de liberdade, determinando que a autoridade judicial busque garantir a presença de intérprete em todas as etapas do processo em que o indígena figure como parte.

Além disso, diversas legislações internacionais garantem o direito dos indígenas se comunicarem em sua língua. O prazo fixado para que a Agepen forneça as informações sobre acatar recomendação é de dez dias.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias