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Cidades

Réu da Lama Asfáltica, Beto Mariano conhece neto em audiência na Justiça

Servidor da Agesul, além da esposa, filha e genro foram interrogados sobre origem de bens investigados

Mayara Bueno | 28/03/2019 16:54
Beto Mariano, no fundo da foto, acompanhado por um policial após audiência. Familiares deixam a sala outro lado do corredor. (Foto: Kísie Ainoã).
Beto Mariano, no fundo da foto, acompanhado por um policial após audiência. Familiares deixam a sala outro lado do corredor. (Foto: Kísie Ainoã).

Audiência judicial que aconteceu no Fórum de Campo Grande, nesta quinta-feira (dia 28), permitiu ao fiscal da Agesul (Agência de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul) e ex-deputado estadual, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, o Beto Mariano, preso desde maio de 2018 pela Operação Lama Asfáltica, conhecer o neto recém-nascido.

Na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, além do servidor, a esposa Maria Helena Miranda de Oliveira, a filha Mariane Mariano de Oliveira, que estava com o bebê de colo, e o genro João Pedro Figueiró Dornellas, foram ouvidos. Eles são réus na denúncia que investiga enriquecimento ilícito.

O alvo da denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul são fazendas e outros bens, adquiridos pelos envolvidos para mascarar propinas recebidas durante o período em que Edson Giroto, réu na mesma ação, comandava a secretaria de Obras do Estado.

Esta ação foi aberta a partir de materiais colhidos pela Operação Lama Asfáltica, desencadeada em 2015 pela Polícia Federal, Receita Federal e Controladoria-Geral da União. Ontem, o ex-secretário Edson Giroto passou por audiência sobre o mesmo processo e, nesta tarde, foi a vez da família de Beto Mariano.

Esposa, à esquerda, e filha de Beto Mariano com o advogado Valeriano Fontoura.
Esposa, à esquerda, e filha de Beto Mariano com o advogado Valeriano Fontoura.
Juiz David de Oliveira Gomes Filho durante entrevista nesta quinta-feira (dia 28).
Juiz David de Oliveira Gomes Filho durante entrevista nesta quinta-feira (dia 28).

Reencontro - Segundo o juiz David de Oliveira Gomes Filho, a família permaneceu na mesma sala por pelo menos uma hora e meia. O servidor foi o primeiro a ser interrogado e os demais familiares foram questionados em seguida.

Sem resposta à maioria das perguntas, o clima da audiência foi também de emoção. Beto Mariano viu o neto pela primeira vez e pode permanecer ao lado da família durante a audiência, segundo relatos do juiz.

Durante o interrogatório, Beto Mariano não estava algemado. No fim, os familiares saíram por um lado do corredor, enquanto o servidor, escoltado, deixou o prédio em local oposto.

O promotor Marcos Alex Vera de Oliveira, responsável pela ação, também conduziu a oitiva. Entre os questionamentos à família, perguntas como origem do dinheiro e valor pago pelos bens alvos da ação, por exemplo, não foram respondidos.

No próximo mês, as testemunhas de defesa serão ouvidas. Depois disso, a Justiça abre período para alegações finais do MP e também dos réus, para proferir a sentença.

Também houve interrogatório por videoconferência com envolvidos que vivem em Rio Negro – cidade onde está localizada uma das fazendas.

Segundo a denúncia, a filha e a esposa eram “laranjas” de Beto Mariano, para “ocultar a incompatibilidade de seu patrimônio”.

As contas bancárias de ambas foram usadas para movimentação de “elevados recursos financeiros” e permitiram a compra de imóveis rurais no nome de Mariane, “com inequívoco objetivo de esconder e dissimular a origem, disposição, movimentação e a real propriedade dos bens adquiridos”, afirma o Ministério Público.

As fazendas Maravilha, Tupacy, São Francisco, Vista Alegre são, segundo consta nos autos, de propriedade da filha de Beto Mariano, de Edson Giroto e João Afif Jorge, ex-coordenador da Agesul. Era da conta bancária da filha do servidor, Mariane Mariano, que saia a maior parte do dinheiro para aquisição de propriedades.

“Os recursos recebidos – e omitidos nas respectivas declarações de renda, pagos em dinheiro em espécie, eram depositados na conta bancária de Mariane Mariano e, posteriormente, destinados para aquisição de fazendas e demais despesas da atividade agropecuária. Eram responsáveis pela realização do depósito Mariane Mariano e seu marido João Pedro Figueiró Dornella”, aponta um trecho do processo.

Advogado da família, Valeriano Fontoura afirmou que não poderia se pronunciar, pois a ação corre em sigilo. Na verdade, apenas alguns dados protegidos pelo sigilo fiscal e bancário não estão disponíveis para acesso na denúncia.

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