Superlotação leva pacientes com covid a esperar até 8 dias por leito em hospital
Só nesta segunda, Defensoria fez 21 solicitações relacionados apenas a leitos covid-19
Quando o ar falta, esperar por atendimento para aliviar sintomas ou para continuar vivo pode tornar o tempo mais longo do que de fato é. Mas com a covid a espera é real. No ponteiro frio do relógio, os pacientes podem aguarda até 8 dias por um leito em Mato Grosso do Sul, em decorrência das contaminações por covid-19.
Em pouco mais de dez dias, entre 08 e 29 de março, a Defensoria Pública ingressou com 68 pedidos de vagas hospitalares para fins gerais. Só nesta segunda-feira, foram feitos 21 solicitações relacionados apenas a leitos covid-19. Na melhor das hipóteses, o paciente que aguentar pode esperar apenas três dias pela vaga.
Dados divulgados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), nesta terça-feira, apontam que 177 pessoas aguardam por leito no Estado. A maior fila verificada é na Capital, onde há 101 pessoas esperando por atendimento adequado.
Portanto, do dia 11 de março até agora, o número de pacientes esperando por vaga dobrou. Na ocasião, 55 pessoas esperavam por leitos inclusive em UPA (Unidades de Pronto Atendimento), local onde não é autorizado internação.
Dona de casa, que preferiu não se identificar, ficou durante cinco dias com o cunhado aguardando por um leito na UPA do Coronel Antonino.
O sapateiro, de 48 anos, sofre de obesidade, hipertensão e diabetes. Ele procurou a unidade hospitalar na quarta-feira, da semana passada. No terceiro dia, precisou ser intubado de forma improvisada. “Pelo peso dele, a sedação não estava sendo suficiente. Ele não estava mais aguentando”, relatou.
A família chegou a recorrer à Defensoria e conseguiu viabilizar uma vaga apenas no final da tarde desta segunda-feira. “Se ele ficasse lá, não iria mais aguentar”, afirmou a cunhada.
UPA – Criadas para realizar apenas atendimentos de urgência e emergência, as UPAs, mesmo sem e profissionais e estrutura adequados, têm cumprido função de retaguarda dos hospitais, durante a pandemia. Por regra, os locais não podem ficar com pacientes por mais de 24h.
Para tentar aliviar o sistema de saúde, a Prefeitura de Campo Grande tenta viabilizar com o Ministério da Saúde a transformação das UPAs da Vila Almeida e do bairro Universitário em “pequenos hospitais”, e atender a médio prazo, mesmo em caráter provisório, pacientes intubados. O processo negociado prevê 44 leitos.
Outra medida que entra em prática nesta terça é a tranferência de pacientes dos postos de saúde para o Hospital Universitário, que a partir de agora fecha para o público em geral e passa a receber apenas infectados pelo coronavírus, O HU também vai ativar nos próximos dias 11 leitos que dependem apenas de respiradores para entrarem em funcionamento.