Taxa de internação de baleados dobra e maioria ainda morre no local do crime
O estudo chama atenção sobre o impacto da violência armada no sistema de saúde brasileiro
Em Mato Grosso do Sul, a taxa de internação de pacientes feridos por arma de fogo nos últimos 6 anos praticamente dobrou. Subiu de 4,9 (em 2016) para 9,4 (em 2022), segundo a pesquisa do Instituto Sou da Paz, divulgada nesta semana. O estudo chama atenção sobre o impacto da violência armada no sistema de saúde brasileiro.
Porém, o levantamento mostra que apenas uma parcela dos baleados consegue chegar ao atendimento médico, porque a maioria morre no local do crime. No Estado, a taxa de óbito é 32% maior do que a taxa de internações.
Em abril, o Campo Grande News fez levantamento de mortes violentas ocorridas somente na Capital, naquele mês: foram execuções feitas com muitos tiros, todos disparados com uso de pistola 9 milímetros, sem qualquer chance de sobrevivência do alvo. A maioria dos casos ainda está em investigação.
No Distrito Federal, por exemplo, ocorre o contrário: a taxa de internações é quase 70% maior do que a de óbitos por arma de fogo. No entanto, segundo o instituto, para compreender essas diferenças, seria preciso considerar outros fatores, como a capacidade de atendimento dos serviços de saúde e as dinâmicas nos locais da violência.
Conforme a pesquisa, as lesões por violência armada atingem sistematicamente os homens e a população jovem, que respondeu por mais da metade das internações. "O impacto da violência armada deve ser avaliado tendo em vista a alta letalidade da arma de fogo e a complexidade do tratamento das vítimas sobreviventes", informou o instituto.
No ano passado, em Campo Grande, deram entrada no pronto-socorro da Santa Casa, maior hospital do Estado, 214 pacientes com ferimentos por arma de fogo. Neste ano, entre 1º de janeiro a 3 de novembro, foram 147 internações.
No Brasil - Ainda de acordo com o levantamento do Instituto Sou da Paz, foram registradas mais de 17,1 mil internações para tratamento de ferimentos por arma de fogo em hospitais públicos do Brasil no ano passado, que custaram R$ 41 milhões ao SUS (Sistema Único de Saúde). "Uma internação por arma de fogo custa 3,2 vezes mais do que o gasto federal com saúde per capita", segundo o instituto.
O estudo aponta que, em média, uma pessoa ferida com baixa gravidade por arma de fogo custa R$ 1.402 aos cofres públicos, valor que sobe para R$ 3.804,33 em casos de alta gravidade. Já o custo per capita do governo com saúde é de R$ 737,89.
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