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Cidades

Tratamento eficaz contra a covid-19 deverá custar cerca de R$ 2,8 mil

Anvisa aprovou Paxlovid por cumprir critérios de segurança e eficácia; tratamento inclui 30 comprimidos

Guilherme Correia | 23/11/2022 10:10
Caixa do remédio Paxlovid, aprovado na segunda-feira pela Anvisa. (Foto: Divulgação/Pfizer)
Caixa do remédio Paxlovid, aprovado na segunda-feira pela Anvisa. (Foto: Divulgação/Pfizer)

O remédio Paxlovid, aprovado na segunda-feira (21) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), poderá custar cerca de R$ 2,8 mil nas farmácias e deverá estar disponível para compra, nas farmácias particulares de Mato Grosso do Sul, somente no início do ano que vem.

A medicação produzida pela farmacêutica Pfizer, a mesma que detém os direitos do imunizante homônimo, foi aprovada pelo órgão regulador por cumprir critérios de segurança e eficácia. Em março de 2022, já havia liberação emergencial somente para aplicação em âmbito hospitalar.

Segundo o assessor técnico do CRF-MS (Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul), Ronaldo de Jesus Costa, a Anvisa condicionou liberação, inicialmente, em farmácias vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) e, posteriormente, no setor privado. "Primeiro será disponibilizado nas farmácias do SUS e depois chegará nas drogarias".

Ele estima que a rede pública receba o medicamento até meados de dezembro deste ano, mas que o setor privado tenha disponibilidade até março de 2023. “Quanto à disponibilidade ao público, vai ser um pouco mais difícil. O laboratório vai liberar para farmácias públicas, inicialmente, por recomendação da Anvisa”.

Os municípios precisarão ter recursos e é um processo demorado. Acho que até o final deste ano, vai estar liberado nas farmácias públicas. Atendendo ao setor público, o setor privado vai poder comprar", estima Costa.

A medicação inclui doses de nirmatrelvir e ritonavir, que devem ser administradas juntas. “A nirmatrelvir é a que, efetivamente, tem o efeito, e o ritonavir, utilizado no combate ao HIV, tem a função de proteger a primeira substância no metabolismo do corpo e impedir que seja atacado”, explica o assessor técnico.

Fachada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em Brasília, que aprovou o uso. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)
Fachada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em Brasília, que aprovou o uso. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Preço - Em relação à formação do preço, Costa explica que os laboratórios estimam o valor e a Câmara de Regulação Técnica da Anvisa aprova o máximo que poderá ser cobrado pelo fármaco. No entanto, até o momento, não há uma definição oficial em território brasileiro, já que os remédios sequer foram importados em larga escala.

A Pfizer não liberou o custo de fábrica, mas já se sabe, em fevereiro, quando a França começou a utilizar, estava na ordem de R$ 2,8 mil por tratamento. São dois comprimidos de nirmatrelvir e um de ritonavir, por dose. São duas doses diárias, por cinco dias. É uma quantidade de comprimidos considerável para fazer o tratamento completo”.

Em novembro de 2021, o governo dos Estados Unidos adquiriu 10 milhões de protocolos de Paxlovid, equivalentes a cinco dias de tratamento, por US$ 530 cada. Em reais, cada conjunto custaria cerca de R$ 2859,24, conforme cotação desta quarta-feira (23). "Não deve ser barato pela característica farmacológica da molécula".

Cuidados - Segundo o assessor técnico, o Paxlovid tem interação com outros medicamentos, o que requer uso restrito à liberação feita por médicos. “Para comprar, só com receita médica. O paciente vai passar no médico, que analisa o caso para ver se é necessário o uso. A pessoa deve passar pelo médico, obrigatoriamente, e pelo farmacêutico”.

Entre possíveis efeitos colaterais, o remédio pode causar reações alérgicas como anafilaxia ou hipersensibilidade. Ele é contraindicado para pessoas com problemas hepáticos e crianças. Também não é indicado para mulheres grávidas, segundo a bula do Paxlovid. “Somente os médicos podem, de fato, dizer quem pode, ou não, utilizar", completa Costa.

Paxlovid - O antiviral tem objetivo de preservar organismo e impedir agravamento da doença. O momento ideal para o seu uso é na fase inicial da infecção, preferencialmente entre o primeiro e o quinto dia desde o surgimento dos sintomas, conforme a bula do medicamento.

Segundo a Anvisa, a posologia - número de vezes e quantidade recomendada - é de 300 miligramas de nirmatrelvir (dois comprimidos de 150 mg) com 100 mg de ritonavir (um comprimido de 100 mg), todos tomados juntos por via oral, duas vezes ao dia, durante cinco dias.

O medicamento deve ser administrado assim que possível, após o resultado positivo do teste diagnóstico para o coronavírus e avaliação médica, e no prazo de cinco dias após o início dos sintomas. No entanto, é preciso consultar médico antes de sair para comprar o medicamento, já que as farmácias são orientadas a pedir a prescrição médica.

Segundo a bula da Pfizer, o Paxlovid impede que o vírus se multiplique nas células e que se dissemine no corpo, o que pode ajudar o paciente a melhorar mais rapidamente. O nirmatrelvir, um dos comprimidos que vem na embalagem, é ativo contra o vírus que causa a covid. Já o ritonavir prolonga o efeito terapêutico do nirmatrelvir.

O ritonavir, um dos comprimidos que formam o Paxlovid, é usado durante o tratamento de HIV e faz parte da classe de inibidores de protease, que são substâncias capazes de inibir a ação de enzimas associadas à replicação viral. Ou seja, tem a função de conter o avanço da doença.

A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que o Paxlovid seja utilizado, prioritariamente, em pacientes com quadros leves e moderados, que tenham uma maior propensão para que a doença evolua para casos graves.

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