Antes de partir, irmão se tornou herói na vida de Anita doando medula
Por trás de cada vida salva por um transplante de medula óssea, existe uma história de coragem, solidariedade e amor. A história de Anita Maria Lopes de Souza Neta, hoje com 32 anos, é uma dessas e também nos lembram da importância vital da doação de medula.
Anita era uma criança alegre no interior de Rondônia, quando aos 8 anos sua vida mudou completamente. Ainda que carregasse um diagnóstico de anemia leve, os sinais de que algo mais grave acontecia logo ficaram claros: cansaço extremo, manchas roxas pelo corpo, dificuldade para brincar, estudar, até mesmo para andar de bicicleta. O susto veio em um dia comum de escola, quando passou mal e precisou ser levada às pressas ao hospital.
O diagnóstico definitivo só viria meses depois, após uma jornada exaustiva entre cidades, hospitais e transferências: aplasia de medula óssea, uma condição rara, na qual a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas suficientes. Com a saúde se agravando, Anita e seu pai seguiram para Ribeirão Preto (SP), onde encontraram não apenas atendimento especializado, mas também uma esperança concreta: a possibilidade de um transplante de medula óssea.
Foi aí que entrou em cena o irmão de Anita, seu herói silencioso. Quando os médicos confirmaram que ela precisaria de um doador compatível, seu irmão, do mesmo pai e mãe, fez os exames e o resultado foi um presente do destino: 100% de compatibilidade. Mesmo ainda criança, Anita lembra da emoção do irmão ao saber que poderia salvar a sua vida. "Ele dizia que ia me salvar, que não ia deixar eu morrer", conta.
O transplante aconteceu no dia 5 de abril de 2005, após um longo e delicado preparo. Anita lembra que o momento foi intenso: "Tive a sensação de que o sangue novo estava entrando em mim. Passei muito mal, precisei ser sedada, mas era a chance que eu tinha de recomeçar." E recomeçou.
A recuperação foi lenta, repleta de restrições, exames diários e mudanças de rotina. Ela brinca que, na época, comia mais banana cozida do que qualquer outra coisa, já que precisava de alimentos extremamente seguros para o organismo fragilizado. Mas, mesmo com todas as dificuldades, Anita seguiu em frente, sempre apoiada pelo pai, pela família e, principalmente, pela força invisível que vinha da doação feita pelo irmão.
Infelizmente, em 2016, o irmão de Anita faleceu de forma repentina, vítima de um infarto fulminante enquanto jogava futebol, no dia 20 de novembro, um domingo. "Foi uma dor imensa. Parecia que uma parte de mim também se foi com ele", lembra. "Mas também foi como se ele tivesse deixado uma parte dele para que eu pudesse continuar vivendo."
Hoje, cada respiração de Anita carrega a memória e o amor desse irmão que, mesmo na partida precoce, permanece eterno nela. "O transplante de medula não foi apenas um tratamento médico, foi um renascimento", ela afirma. "Aprendi que a solidariedade pode literalmente salvar vidas."
Para quem tem medo ou desconhece a importância da doação de medula, Anita deixa um pedido emocionado: "Se informe, se cadastre, doe. Você pode ser o milagre na vida de alguém."
Anita destaca que, muitas vezes, um gesto simples pode ser a diferença entre a vida e a morte. Por isso, deixa abaixo algumas orientações sobre como ser um doador de medula óssea.
1. Quem pode doar?
Pessoas entre 18 e 35 anos, em bom estado de saúde, podem se cadastrar como doadores voluntários.
2. Como se cadastrar?
Procure o hemocentro mais próximo e informe que deseja ser doador de medula óssea. Será coletada uma amostra de sangue para análise de compatibilidade genética (HLA).
3. E depois?
Se você for compatível com algum paciente, será chamado para novos exames. A coleta da medula é feita de maneira segura, podendo ser retirada do osso da bacia ou por coleta de células do sangue.
4. A doação é perigosa?
O procedimento é seguro e monitorado. A recuperação é rápida e em poucos dias o doador pode voltar às atividades normais.
5. Por que doar?
A doação de medula pode ser a única esperança de vida para pessoas com doenças como leucemias, aplasias de medula e outras enfermidades graves.
6. Onde obter mais informações?
No site do Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) ou em hemocentros autorizados.
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