Amigos de Manoel de Barros se reencontram e relembram legado do poeta pantaneiro
Momento repleto de lembranças celebrou amizade que tinham com o poeta
Amigos de Manoel de Barros, os jornalistas Bosco Martins e Zé Hamilton se reencontraram em Uberaba, Minas Gerais, em um momento de lembranças e celebração da amizade que tinham com o poeta.
José e Bosco, ambos de origem interiorana paulista, conheceram Manoel de Barros quando o poeta vivia uma vida tranquila em Campo Grande, na Casa Quintal, antiga Rua Piratininga. Ali, Manoel desfrutava do "ócio poético" com Bosco, em um espaço que chamava de "Escritório de Ser Inútil".
Desses encontros, entre conversas profundas, e recitações do "Bardo", como Manoel chamava Bosco, nasceu Diálogos do Ócio - livro prefaciado por Zé Hamilton. Os três amigos compartilhavam a capacidade de transformar o simples em poesia, revelando a beleza do invisível no cotidiano.
Zé Hamilton, correspondente de guerra no Vietnã, onde perdeu uma perna ao pisar em uma mina, consolidou-se No jornalismo rural. Em seu livro O Gosto da Guerra, ele reflete sobre a insensatez humana: "A guerra é um momento de fraqueza do ser humano, não de grandeza. A grandeza está na poesia, na escrita, na mulher."
Sua ligação com Mato Grosso do Sul começou com uma reportagem sobre o Pantanal, região que também inspirou Manoel de Barros. Ambos foram vozes essenciais para divulgar a riqueza natural e cultural do estado.
Na Fazenda Forquilha, em Uberaba, Bosco Martins reencontrou Zé Hamilton, hoje com 89 anos, vivendo uma vida simples, cercado por livros e natureza. A conversa relembrou passagens marcantes, como a reportagem que mostrou ao compositor Mário Zan o que era uma chalana - embarcação que inspirou um dos hinos do Pantanal.
Zé Hamilton também falou sobre Manoel de Barros: "Ele era reservado, mas cada palavra valia ouro. Sua poesia não tem fim - como ele dizia, 'gente besta e pau-seco não acabam nunca'.
O reencontro será transmitido neste sábado, no Programa Meu MS.