Ação nacional promove diagnóstico precoce e combate à sífilis
O Ministério da Saúde lançou hoje (20) uma ação nacional de combate à sífilis. A proposta é mobilizar gestores e profissionais de saúde sobre a importância da detecção e do tratamento da doença durante o pré-natal. O anúncio foi feito durante reunião ordinária da Comissão Intergestores Tripartite, na sede da Opas (Organização Pan-americana da Saúde).
Na ocasião, o governo federal e 19 associações e conselhos de saúde assinaram uma carta compromisso estabelecendo ações estratégicas para a redução da sífilis congênita no país com prazo previsto de um ano. O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar tanto a gestante como o parceiro para imediato tratamento com penicilina.
De acordo com o ministério, a estratégia prevê, entre outros aspectos: o incentivo à realização do pré-natal precoce no primeiro trimestre da gestação; a ampliação do diagnóstico por meio de testes rápidos; o tratamento oportuno para a gestante e seu parceiro; e o incentivo à administração de penicilina benzatina (único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita).
Campanha – Ainda durante a reunião, a pasta apresentou campanha publicitária a ser veiculada em mídias sociais chamando atenção para ações de prevenção à sífilis. “Nosso objetivo é reunir a sociedade no esforço de combate à sífilis. Assim, poderemos incentivar a testarem principalmente as grávidas para evitar a transmissão vertical da doença. Trazemos soluções factíveis no compromisso que assinamos hoje”, avaliou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Detecção – A detecção da sífilis, de acordo com o ministério, é feita atualmente no Brasil por meio de testes rápidos disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). No caso das gestantes, a indicação da realização do teste rápido ocorre já na primeira consulta do pré-natal – daí a importância de conscientizar mães e parceiros a iniciar o acompanhamento no primeiro trimestre da gravidez.
“Um grande desafio é o início precoce, já que culturalmente as mulheres tendem a procurar o médico apenas quando a barriga aparece, o que diminui as chances de cura da sífilis para a mãe e facilita a transmissão da doença para o bebê”, disse a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken.
Manual – Outra ação lançada pela pasta durante o evento trata do Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis, que tem como objetivo orientar e subsidiar profissionais de saúde da atenção básica na realização da testagem para a doença. O material apresenta fluxogramas para o diagnóstico seguro da infecção, permitindo que profissionais e serviços de saúde selecionem o que mais se adequa à sua realidade local.
Boletim epidemiológico – No Brasil, todos os tipos de sífilis são de notificação obrigatória há pelo menos cinco anos. Dados do último boletim epidemiológico, referentes aos anos de 2014 e 2015, indicam que a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%; a sífilis em gestantes, de 20,9%; e a sífilis congênita, de 19%.
Em 2015, foram notificados 65.878 casos de sífilis adquirida no país. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos para cada 100 mil habitantes, sendo a maioria em homens – 136.835 casos (60,1%). No período de 2010 a junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.
Entre gestantes, em 2015, a taxa de detecção da sífilis foi de 11,2 casos para cada mil nascidos vivos, considerando um total de 33.365 casos da doença. Já de janeiro de 2005 a junho de 2016, foram notificados 169.546 casos. Com relação à sífilis congênita (em bebês), em 2015, foram registrados 19.228 casos – uma taxa de incidência de 6,5 para cada mil nascidos vivos.
Acesso à penicilina – Apesar de reconhecida na Assembleia Mundial da Saúde como essencial para o controle da transmissão vertical da sífilis, a penicilina benzatina apresenta, desde 2014, um quadro de desabastecimento em diversos países devido à falta de matéria-prima para a produção.
Este ano, o governo brasileiro, em caráter emergencial, adquiriu 2,7 milhões de frascos do medicamento, com prioridade na prescrição para grávidas e seus parceiros. Numa tentativa de assegurar o tratamento às grávidas, a pasta publicou a Resolução nº 3161/2011 permitindo que a administração da droga seja feita também por equipes de enfermagem.