“Se continuar no posto, vai morrer”, diz filha de homem na fila por UTI
A falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em Campo Grande faz a segunda-feira começar com desespero para a família de José Carlo Elesbão Tangerino, 60 anos. “O médico foi bem claro. Se ele continuar aqui no posto, ele vai morrer. Não tem aparelho para ele”, relata Danielle Cristina Reinher, 21 anos, filha do paciente.
Ela conta que o pai é renal crônico, diabético, hipertenso e está com pneumonia. Após uma crise, sofreu parada cardíaca e há sete horar é “ambuzado” no posto de saúde 24 horas do Guanandi. O paciente chegou lá às 23h.
Na teoria, o ambú é ligado ao balão de oxigênio e deve ser usado por poucos minutos para estabilizar os pacientes em estado grave. Neste curto período, o respirador hospitalar é calibrado para fornecer oxigênio. Já na realidade, a respiração manual é feita por horas, mas não oferece a ventilação adequada.
Parte da família busca vagas, mas, segundo Danielle, não há leito na Santa Casa e nem no HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian. Outros familiares tentam encaminhar um pedido de vaga à Justiça.
A crise na saúde levou a Santa Casa a restringir desde 21 de maio o atendimento a pacientes graves, que precisem de respiração artificial e leitos de UTI.
No dia 24 de maio, Celina de Oliveira, 54 anos, morreu após ficar 18 horas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Universitário esperando por uma vaga na UTI.
Ela chegou a conseguir leito no HU (Hospital Universitário), mas não resistiu. Nesta segunda-feira, a reportagem tentou contato com o secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, e com a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), mas as ligações não foram atendidas.