A "ficha caiu" entre moradores do bairro de idosa que morreu por coronavírus
Vizinhos contam que redobraram cuidados depois de informados sobre a primeira morte pela doença em Campo Grande
A "ficha caiu" na região da Vila carvalho depois da morte de senhora de 71 anos. Moradora da Rua da Liberdade, ela faleceu na madrugada de domingo, a primeira vítima fatal da covid-19 em Campo Grande. Tanto os vizinhos que até agora estavam tranquilos, quanto os mais cuidadosos, redobraram as medidas de segurança para evitar a contaminação que agora não parece ser algo tão distante.
As preocupações do torneiro mecânico Reinaldo Fernandes, de 51 anos, aumentaram após a morte da vizinha. “Em Campo Grande não havia nenhuma morte e de repente acontece perto de nós”, diz.
Reinaldo explica que além de morar na quadra de cima do local onde a idosa morava ainda trabalha no mesmo bairro. “Me deu medo. A gente fica tenso”, declara.
Na tarde desta segunda-feira (13), ele estava trabalhando sozinho e por esse motivo não estava usando máscara, mas conta que não sai daquele ambiente sem lavar as mãos ou higienizá-las com álcool em gel, além de colocar o equipamento de proteção para falar com clientes.
Fernandes afirma que não tinha contato com idosa apesar de ter visto ela passando algumas vezes por aquela região. Questionado se já havia apresentado algum sintoma ele nega, mas afirma que a filha reclamou de febre e dor de cabeça há duas semanas. “Fomos ao médico e não deu nada”.
A preocupação de Fernandes não é infundada. Na região são 11 casos confirmados da doença, conforme apontam os dados divulgados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
No mapa apresentando pelo Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores de Campo Grande), os pontos vermelhos indicam os bairros com casos confirmados da doença e os amarelos tratam dos suspeitos. (Clique aqui).
O borracheiro Luiz Miguel, que também mora e trabalha na Rua da Liberdade, assume ter ficado mais preocupado após saber da morte da vizinha. Isso não quer dizer que já não estava tomando medidas de precaução antes. “Tenho o meu guri que é pequeno, de três anos e meu pai que vai fazer 70 anos e tem problema no coração”, contou.
Miguel afirma que a “ficha” dele já havia caído há muito tempo, desde as primeiras notícias sobre a pandemia. “Fiquei 15 dias fechado e só voltei a abrir na terça-feira. É uma realidade difícil, principalmente aqui no bairro onde 70% da população é idosa”.
Para se proteger ele afirma estar usando e abusando do álcool em gel. Ele também não sai sem usar máscaras. Por não ter encontrado descartáveis, ele aderiu as feitas de tecido.