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Capital

Adolescente acusado de estupro pode pegar 3 anos de internação, diz delegada

Jovem foi identificado após denúncia anônima; investigação estuda se crime foi premeditado

Gustavo Bonotto e Ana Beatriz Rodrigues | 08/05/2023 19:00
Adolescente acusado de estupro pode pegar 3 anos de internação, diz delegada
A delegada adjunta da Deam, Maíra Machado, durante coletiva de imprensa. (Foto: Alex Machado)

O adolescente acusado de assaltar e estuprar uma comerciante no Bairro Jardim Anache pode ficar até três anos recluso se indiciado pelo crime. O jovem, de 14 anos, foi identificado através de denúncia anônima após a repercussão das imagens de câmeras de segurança. A informação foi confirmada em coletiva de imprensa, que ocorreu durante o fim da tarde desta segunda-feira (8), em Campo Grande.

De acordo com delegada adjunta Maíra Machado Pacheco, responsável pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), o infrator tem apenas 14 anos e não está apreendido por não haver flagrante do crime. "Chegamos nele através de uma denuncia anônima, em que a pessoa reconheceu a mochila e o casaco mostrados nas imagens. Quando [a equipe] foi até a escola, conseguimos o contato com o pai dele, que nos atendeu em sua residência", pontuou a delegada.

O garoto mora junto ao pai, e segundo a responsável pela investigação, foram encontradas as roupas que batem com as imagens do sistema interno. "Inicialmente, ele negou a autoria, mas depois de ser conduzido para a delegacia, ele confirmou e disse que havia negado por vergonha diante a presença do pai. Em depoimento, ele admitiu a autoria, mas que não soube dizer a razão de ter cometido aqueles atos infracionais", disse Maíra.

Na sua versão, o jovem diz que saiu da escola, e no caminho, achou uma faca no meio da rua que seria usada pra uma eventual defesa. Ao passar pelo estabelecimento, ele viu uma oportunidade de roubo. "O infrator descreveu que atravessou a rua, subiu a camiseta até a altura do nariz e a amarrou com o cadarço do capuz. Disse ainda que ficou um tempo olhando até entrar na loja e anunciar o assalto. Em seguida, ele mandou que a vítima fosse para o banheiro, onde consumou o ato sexual", complementou.

Após o crime, o jovem deixou a vítima amarrada com a própria camisa e saiu correndo. Ele contou em seu depoimento que se desfez da faca em uma região de mata, foi para a casa de um parente e não disse mais nada. "Ele alegou que não contou a ninguém por medo do pai ser punido em seu lugar, já que se trata de um menor de idade", comentou a delegada.

Adolescente acusado de estupro pode pegar 3 anos de internação, diz delegada
Segundo Maíra, a Deam poderá representar contra o jovem. (Foto: Alex Machado)

Questionada se o crime havia sido premeditado, a responsável pela investigação inicial pontua que é complexo afirmar, já que o autor fala que não tinha intenção em sua versão. Ainda segundo a delegada, o jovem pode ser apreendido a qualquer momento. "Pode acontecer de ele pegar até 3 anos de internação, mas a partir de agora, a investigação fica a caráter da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), mas é possível que Deam faça a representação dele".

Não dá pra julgar, mas quando a gente passa a analisar os autos e as câmeras de segurança, vê que ele anda até o estabelecimento, atravessa a rua, chega a aguardar e ainda tem o tempo de subir a camisa e de esconder o rosto, isso desconstrói um pouco a fala de que não foi premeditado”, disse a delegada Maíra Machado.

A delegada diz que o jovem não conhecia a vítima. "A casa dele fica longe do comércio onde aconteceu o crime, e aquele não é o trajeto dele de costume".

Confissão - "Ele se mostrou muito choroso, principalmente porque o pai estava do lado durante o depoimento. Ficava com o olhar fixo no pai, com um certo temor ou até mesmo decepção por ter cometido esse sentimento. O jovem disse estar arrependido, e que, queria pedir desculpas à vítima pelo ato que disse ser impensado", disse a delegada para a imprensa.

Questionada pelos jornalistas, Maíra pontuou que foi um crime que chocou os moradores do Nova Lima. "Trouxe um dano emocional na vítima gigantesco, quando nós sabemos que era um menor nos sentimos um pouco frustrados. Ele não tinha passagens, mas na escola ele tem um histórico de agressividade desde de muito novo".

Diante do andamento da investigação, o pai do adolescente chegou a questionar o filho sobre o crime. "Foi uma surpresa também para o pai saber que o filho dele era o autor daquele delito, ele até contou que no dia em que a imprensa divulgou as imagens, comentou com o menino a semelhança. 'Olha, é muito parecido com você. Não é você?'. Diante da pergunta, o menino se esquivou e negou".

Segundo a delegada, o jovem foi criado pelo pai após perder a mãe em um homicídio, ocorrido cerca de 10 anos atrás. "Ele veio de um histórico familiar bem complicado, a mãe era usuária de droga, e acabou a perdendo quando tinha de 3 para 4 anos. Ela foi morta em razão de um homicídio, e logo em seguida, o jovem começou ser criado pelo pai, que tenta proporcionar tudo do bom e do melhor para ele".

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