“Ainda existe isso?”: moradores ficam surpresos com apreensão de caça-níqueis
Local foi descoberto após o filho de um idoso relatar que o pai estava gastando todo o salário no jogo de azar
A mercearia que se junta à residência do proprietário, em uma rua calma e sem asfalto no Jardim São Conrado, em Campo Grande, trouxe surpresa para moradores do bairro após o local ser alvo de operação de equipes da Polícia Civil, por meio do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) e Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros). O caso aconteceu na noite dessa segunda-feira (16).
RESUMO
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Uma mercearia em Campo Grande, MS, foi alvo de operação policial por abrigar máquinas caça-níqueis. A ação, realizada pela Polícia Civil, surpreendeu moradores do bairro, que desconheciam a atividade ilegal. O proprietário se recusou a comentar o ocorrido, enquanto vizinhos expressaram espanto com a descoberta, lembrando a popularidade dessas máquinas em anos anteriores. A denúncia partiu do filho de um idoso que estava gastando todo o seu salário nos jogos. O caso reforça a persistência de jogos de azar ilegais em diversos locais da cidade, apesar da proibição legal.
Na manhã desta terça-feira (17), o Campo Grande News esteve no local para entender o que acontecia no “cassino sem glamour”, na região afastada do centro da Capital.
Educadamente, o proprietário do comércio onde as máquinas foram apreendidas disse que não falaria nada a respeito. No local, a reportagem notou que havia outra máquina, mas não soube distinguir o que seria. Por não ter sido apreendida pelos agentes, acredita-se ser algo legal.
Na vizinhança, o espanto dos moradores foi em descobrirem que, em 2024, ainda existam máquinas desse tipo, que eram “febre” nos anos 2000. Sem se identificar, uma comerciante relatou que, antigamente, era muito comum a presença de máquina caça-níquel em “botecos de rua sem terra”, tal como acontecia na mercearia flagrada ontem.
“Não conhecia essa mercearia, nem o dono dela, muito menos que tinha esse tipo de máquina em funcionamento. Geralmente elas ficavam em botequinhos”, disse.
Outra moradora da região há 30 anos, e que já está aposentada, contou que quando os filhos tinham 15 anos, ambos costumavam “perder dinheiro” nesse tipo de jogo, mas ela sempre os aconselhou a não seguir nesse “tipo de vida”.
“Estou surpresa em saber que ainda tem gente que joga nisso [nas máquinas]. Faz mais de 10 anos que não vejo esse tipo de jogo aqui no bairro”, contou.
O caso em questão foi descoberto após o filho de um idoso realizar a denúncia. Ele relatou que o pai estava gastando todo o salário nos equipamentos e já não sabia mais a quem recorrer.
Não é novidade – Apesar de “desatualizada”, as máquinas caça-níqueis continuam em alta em bares e residências de Campo Grande, seja na área nobre ou periferia.
Em maio deste ano, a polícia derrubou um cassino clandestino que funcionava no Jardim São Bento, bairro de alto padrão da Capital. À época, 14 máquinas foram apreendias em uma residência que, bem discreta, aparentava ser apenas para moradia.
No dia seguinte, desta vez no bairro Guanandi, a lanchonete “do Gordão” tinha no cardápio a jogatina ilegal descoberta pela Polícia Militar. Os equipamentos foram apreendidos
Ao longo de outros meses, mais máquinas acabaram apreendidas durante operações policiais. Muitas delas, inclusive, em estabelecimentos de fachada “simples”, onde não se tentava nem esconder que, ali, aconteciam os jogos de azar que são proibidos.
O que diz a lei? - Cassinos ou qualquer atividade que inclua jogos de fortuna ou azar não são autorizados no Brasil. Os anos anteriores a 1946 são considerados “era de ouro” da jogatina no País, quando o presidente Getúlio Vargas legalizou a prática para fomentar o turismo.
O artigo 50 da Lei de Contravenções Penais, restaurado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra, em 46, proíbe “estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público, ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele” e prevê pena de prisão para quem descumprir essa regra.
Até 1993, apostas ficaram totalmente proibidas no Brasil até que, durante o governo Itamar Franco, a Lei nº 8.672, conhecida como “Lei Zico”, autorizou o retorno dos bingos promovidos por entidades esportivas, apenas para arrecadar recursos para fomentar os esportes no País.
A liberação foi derrubada em 1998. Desde então, várias tentativas de legalizar os cassinos passaram pelo Congresso Nacional.
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