Alvo de investigação, Seleta atrasa salários de adolescentes aprendizes
Jovens reclamam de atraso desde novembro, quando foram contratados
Sob denúncia de contratações irregulares e até existência de funcionários “fantasmas”, a Seleta vem, desde o fim do ano passado, atrasando os salários dos adolescentes aprendizes contratados pela entidade.
Nesta segunda-feira (15), a reportagem do Campo Grande News recebeu reclamações de adolescentes que, até hoje, não receberam o salário referente ao mês de janeiro.
Desde novembro de 2015, 18 adolescentes foram contratados, pela Seleta, para trabalharem na Central de Matrículas da Secretaria de Estado de Educação. Segundo os adolescentes, que preferem não se identificar, a entidade paga a remuneração mensal, desde novembro, dias depois do estabelecido por lei.
Este mês, relatam, o pagamento sequer caiu na conta, bem como o vale transporte, uma vez que ele fica disponível junto com a remuneração.
“No primeiro mês (novembro) recebemos no dia 20, no segundo mês (dezembro) dia 18 e agora no terceiro (janeiro), estamos esperando até hoje”, relata um dos contratados.
A Seleta, assim como a Omep (Organização Mundial para Educação Pré-Escolar), é alvo de investigação do Ministério Público, em virtude de contratações irregulares, remuneração diferenciada e até a existência de funcionários “fantasmas”, contratados pelas duas entidades.
Neste caso, tratam-se dos convênios firmados com a Prefeitura de Campo Grande, que inclusive recebeu uma recomendação para adotar uma série de medidas para sanar as irregularidades.
A Seleta foi procurada pelo Campo Grande News. Em resposta, a assessoria de comunicação argumentou que o atraso acontece porque o governo trocou a fonte pagadora, mas que os salários dos adolescentes devem cair até a terça-feira (16).
Ainda disse que, na sexta-feira (11), o coordenador de cursos e convênios da entidade entrou em contato com a Secretaria de Educação, que confirmou o pagamento amanhã e normalização a partir do mês que vem.
No entanto, um dos adolescentes contou que procurou a pasta estadual para cobrar o pagamento da remuneração. “Conversamos com nosso chefe na secretaria e ele disse que devemos procurar a seleta, pois nosso contrato é com ela“, disse.
Se os adolescentes não receberem até amanhã, como o prometido, eles dizem que vão até a entidade com os pais para esclarecer o atraso e cobrar o pagamento.
Na secretaria, trabalham adolescentes de 16 a 17 anos, que cumprem uma jornada diária de seis horas. A remuneração bruta deles é de R$ 880, mas são descontados R$ 70,40 de INSS, R$ 52,80 de vale transporte e R$ 1,85 de seguro de vida.