Antes da força-tarefa, prefeitura usa "cascalho" para tampar buraco
Enquanto espera solução definitiva para as crateras que se formaram nas ruas da cidade, a população de Campo Grande terá que se contentar com serviço paliativo. Equipes da Seinthra (Secretaria Municipal de Infraestrutura Transporte e Habitação) estão percorrendo a Capital nesta terça-feira (13) preenchendo as fendas mais fundas com “bica corrida”, que consiste na mistura de brita com pó de pedra. Ou seja, está "cascalhando" as vias de asfalto.
A assessoria de imprensa do município informou que a operação tapa-buraco deve começar apenas na quinta-feira (15). Amanhã uma reunião deve definir as regiões que receberão a intervenção e o cronograma da força-tarefa.
O município não informou quais lugares receberam a bica corrida. Pela manhã equipes foram vistas na Avenida Joaquim Murtinho, em frente ao Extra Supermercados.
No cruzamento da Bandeirantes com a 26 de Agosto, as fendas também foram preenchidas, mas ninguém soube apontar quem o fez. A mistura utilizada aparenta ser diferente, como se terra tivesse sido adicionada.
Para o comerciante Rodrigo Braga, 35 anos, as características dos trabalhadores que fizeram o “serviço” apontam que eles pertenciam a alguma empresa particular. Ele conta que havia comprado cimento e outros materiais para resolver o problema com as próprias mãos, já que a situação no local estava crítica. “Já caiu um motoqueiro aí. O serviço melhorou bastante”, opina.
“Tinha um caminhão com umas quatro ou cinco pessoas. Eram bem organizados, parecia serviço particular”, diz um comerciante de 60 anos que pediu para não ser identificado.
Problema – Alcides Bernal (PP) interrompeu o serviço de tapa-buraco junto com outros considerados não essenciais logo depois de reassumir a prefeitura. Foi então que várias crateras começaram a abrir no asfalto da Capital.
O município chegou a colocar uma equipe própria para realizar os trabalhos, mas não chegou a levar a iniciativa adiante, já que a quantidade é insuficiente diante de uma malha viária de 2.500 quilômetros, boa parte, com pavimento antigo e danificado.
Bernal então procurou orientação do MPE (Ministério Público Estadual) e descartou a possibilidade de fechar contratos emergenciais sem licitação, recurso utilizado na primeira parte da gestão e que foi motivo de questionamento.
Pelo menos seis empresas tem contrato com a Prefeitura para o serviço tapa-buraco que tinha um custo médio mensal de R$ 15 milhões. Depois das denúncias (com base em vídeos) de que as empresas vinham tapando buracos inexistentes, o Ministério Público Estadual iniciou um processo de investigação.
No grupo de empresas estão a Selco Engenharia, Diferencial Engenharia (antiga JW Construções), LD Construções, Gradual Engenharia e Consultoria, Locapavi Construções e Serviços e a Proteco Engenharia, do empresário João Amorim, alvo das operações Lama Asfáltica e Coffee Break, que inclusive o levou a prisão por algumas horas.
O orçamento deste ano projetou uma dotação de R$ 137, 4 milhões para tampar 11.976.588 metros quadrados de buraco na Capital.Para o ano que vem, está prevista na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) a realização de 12.425.710 metros quadrados, um aumento de 3% de área. Em 2017, a projeção é reparar 38.352.293 metros quadrados de reconstituição asfáltica.