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Capital

Mural do projeto tatu-canastra não dura nem 24 horas e é pichado em viaduto

Arte teria sido danificada por ter encoberto pichações antigas no local

Por Natália Olliver | 28/09/2024 08:45
Antes de depois do mural do ICAS, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Juliano Almeida)
Antes de depois do mural do ICAS, na Avenida Ricardo Brandão com Rua Ceará (Foto: Juliano Almeida)

Foram quatro dias de trabalho e menos de 24 horas intacto, enfeitando o viaduto Pedro Chaves dos Santos, no cruzamento da Rua Ceará com a Avenida Ricardo Brandão, em Campo Grande. A imagem do tatu-canastra e tamanduá-bandeira, feito pelo Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), foi destruída.

O intuito do projeto era homenagear os dois animais que correm risco de extinção. Segundo o instituto, a arte foi danificada por ter encoberto gravuras antigas na parede.

A página Campão Grafitti republicou uma foto, que foi apagada depois, na madrugada desta sexta-feira (27). Nela mostra o lugar já com a arte riscada por tinta branca. Na postagem há o seguinte o texto:

“Por anos lutamos por espaço e falta de interpretação da sociedade e preservamos nossa história para serem apagadas por preservação? Publicidades e investimentos que não são distribuídos aos agentes de cultura de modo aberto. É desvalorização do nosso povo. Se não sabem, agora sabem! Muita falta de respeito! Colocamos a vida em risco para outros riscar. Anos já essa falta de respeito”.

Ao Campo Grande News, a página disse que não é responsável pela destruição da arte do projeto e que apenas reposta conteúdos envoltos em graffiti e pichação. Também há um vídeo onde a página explica que recebeu o conteúdo de maneira anônima e que não apoia o vandalismo.

Obra do tatu-canastra e tamanduá-bandeira foi destruído nesta madrugada (Foto: Juliano Almeida)
Obra do tatu-canastra e tamanduá-bandeira foi destruído nesta madrugada (Foto: Juliano Almeida)

“Recebemos essa mensagem às 5h da manhã e como nossa página é democrática, vamos divulgar o que acontece em Campo Grande. Não há nenhum envolvimento sobre o ocorrido com participação nossa. Repassamos todo tipo de graffiti e ideias aqui de Campo Grande e do Mato Grosso do Sul".

Segundo um dos administradores da página, San Martinez, são 70 pessoas que têm acesso e conseguem postar. “Eu estou indignado sobre, estou vendo quem pode ter feito isso. Recebemos por dia 500 mensagens sobre grafitti”.

A respeito do ocorrido, o Icas ressalta que entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande e apresentou a proposta do mural. Posteriormente, a pasta responsável fez a cobertura e em seguida o artista realizou a obra.

“Nós respeitamos e valorizamos o movimento da arte urbana. Gostaríamos de esclarecer que, em nenhum momento, nossa intenção foi apagar ou sobrepor a história de qualquer artista local. Estamos profundamente tristes com toda essa situação e reafirmamos nosso compromisso com o diálogo e a construção conjunta de soluções. Estamos dispostos a trabalhar de forma colaborativa com todos os artistas e agentes culturais para fortalecer a cultura local e preservar nossa rica biodiversidade”.

Lugar onde mural foi feito no cruzamento da Avenida Ricardo Brandão e Rua Ceará (Foto: ICAS)
Lugar onde mural foi feito no cruzamento da Avenida Ricardo Brandão e Rua Ceará (Foto: ICAS)

O projeto ressalta que o artista que realizou a obra está sendo criticado e atacado nas redes sociais. O instituto acrescenta que o objetivo era sensibilizar a população sobre a importância dessas duas espécies ameaçadas de extinção e que a escolha do artista foi feito especificamente pelo histórico de trabalhos vinculados ao tatu-canastra e fauna brasileira.

“O órgão responsável pela gestão do viaduto havia sinalizado a intenção de revitalizar o local antes de o artista iniciar seu trabalho. Repudiamos o ato ocorrido nesta madrugada. Ressaltamos que seguimos todos os protocolos e que todos os custos do mural foram arcados pelo Icas, com o apoio de pessoas que acreditam em nosso projeto de conservação dessas espécies que simbolizam nossa causa.

Anteriormente os administradores da página Campão Graffitti mandaram ao Icas uma mensagem sobre o descontentamento de terem coberto as gravuras datadas de 2016.

“Nossa cultura de apagar a escrita para cobrir com graffiti não é aceita, porém não será nossa organização que irá resolver ou ir atrás dessa situação vergonhosa que vem acontecendo em nossa cidade. Porém já mandei o projeto para esse pontilhão e não nos ouviram, ou seja, optar por pessoas de fora é a burocracia. Essa página tem o intuito de se autovalorizar, falar de nós, da nossa cultura”.

Grafite e pichação

"O grafite, em regra, é bem mais trabalhado e de maior interesse estético, sendo socialmente aceito como forma de expressão artística contemporânea, respeitado e mesmo estimulado pelo Poder Público, consentido pelo proprietário em caso de bens privados ou do órgão competente em caso de bens públicos é autorizado", explica o Icas.

Além disse, o instituto completa que "ao contrário do grafite, no Brasil, a pichação é considerada como crime ambiental, nos termos do artigo 65 da Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), que estipula pena de detenção de 03 meses a 01 ano, e multa, para quem pichar ou por qualquer meio conspurcar edificação ou monumento urbano".

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