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Capital

Após enfrentar a dengue, homem com suspeita de H1N1 espera vaga em CTI

Natalia Yahn | 06/04/2016 13:21

Em estado grave e com suspeita de H1N1, Mário Lucas Jaques, 59 anos, está internado há quatro dias no hospital El Kadri, em Campo Grande. Mas sem condições financeiras de arcar com a internação, familiares e amigos tentam transferir o paciente para um hospital público desde domingo (3).

O terapeuta José Aparecido Maia dos Santos, um dos amigos de Mário Lucas, informou que ele foi levado até o hospital para uma consulta. “A esposa pagou R$ 200, achou que seria melhor e mais rápido levar lá do que no posto. Mas quando chegou a médica disse que iria internar imediatamente e levar para o CTI (Centro de Terapia Intensiva)”.

Mas a família informou que não teria condições de pagar pela internação, que teria custo de R$ 7,5 mil por dia. “A esposa dele pegou dinheiro emprestado, tirou da onde não tinha para manter ele lá. Foram R$ 8 mil só com gastos de procedimentos. A alimentação é R$ 1 mil por dia, e ele ficou 72 horas sem comer”, afirmou Santos.

Mário Lucas mora em Bonito, a 257 quilômetros da Capital. Ele veio para Campo Grande no dia 25 de março, onde se recuperou de uma dengue, mas no dia 31 voltou a passar mal. Já no hospital ele foi diagnosticado com pneumonia e agora a suspeita é de H1N1 (influenza A, conhecida com gripe suína). “Ele já estava melhor, comendo, andando e sem febre. Mas piorou de uma hora para outra. Estão dizendo que pode ser H1N1, mas acho que é complicação da dengue mesmo”, afirmou Santos.

O administrador do hospital, Rodolfo Aziz, confirmou a gravidade do caso e negou a falta de atendimento. “Ele precisa de vaga em CTI. Estamos dando auxílio para a família, que não tem condições financeiras. Demos 50% de desconto para o pagamento, e em nenhum momento falamos que não seria atendido. A alimentação está sendo feita normalmente”.

Ele informou ainda que a SES (Secretaria de Estado de de Saúde) e a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) foram notificadas sobre a situação, mas até agora nenhuma vaga em hospital público foi disponibilizada. “Fizemos pedido para a Central de Regulação de Vagas, pois atendemos apenas convênio e particular, mas não podemos negar atendimento. A Prefeitura e o Estado podem comprar a vaga no nosso hospital, temos um leito disponível que está sendo usado pelo paciente. Não depende mais de nós e sim dos órgãos reguladores”.

Os familiares procuraram ajuda da Defensoria Pública e aguardam uma resposta da Justiça sobre o caso para esta tarde. “O El Kadri prometeu que ia encaminhar para um hospital público, nós tentamos por todos os meios, não conseguimos e não tem autorização para comprar o leito. Ninguém dá atenção, o Município diz que não é responsabilidade dele porque o paciente está em hospital particular, o Estado diz que não tem vaga. Nosso medo é que até o transporte dele para outro lugar pode ter complicações”, afirmou Santos.

Outro questionamento é de que o paciente não está internado no local adequado. “Representa risco para ele, além da equipe e os demais pacientes. Está internado na área vermelha, debilitado”, disse Santos. O administrador do hospital confirmou que o paciente está na área vermelha do pronto socorro, mas a sala de observação teria o mesmo suporte do CTI.

A SES informou que não foi notificada sobre a situação de Mário Lucas. Já o titular da Sesau, Ivandro Fonseca, não respondeu aos questionamentos do Campo Grande News, até a publicação desta reportagem.

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