Após incêndio que destruiu tudo, chuva preocupa moradores do Mandela
Segurança com as crianças e higiene são outras preocupações nas tendas improvisadas
Ainda tentando se recuperar do incêndio que devastou a comunidade do Mandela na última quinta-feira (16), moradores que foram abrigados provisoriamente em tendas fornecidas pelo Exército se preocupam com a chegada da chuva e temem pela segurança das crianças.
Neste domingo (19) os moradores tentam arrumar um jeito de fixar as tendas no chão para evitar que elas voem com os ventos.
A dona de casa, Rafaela Amorim, 19 anos, que perdeu tudo no incêndio, improvisa pesos com pedras nas bordas da tenda, a fim de prendê-la junto ao chão, tentando evitar que o novo barraco seja levado com o vento. Ela está dividindo a tenda com uma vizinha do antigo barraco, ao todo na tenda são dois adultos e três crianças de dez meses, quatro e cinco anos.
“A minha preocupação agora é com a chuva por que se nos barracos as telhas já voavam aqui que é de lona não vai ficar seguro, minha preocupação nem é tanto de molhar as coisas porque eu perdi tudo no incêndio, mas é com as crianças”, diz Rafaela.
A tenda de Rafaela está localizada na segunda fileira, ela e a vizinha temem pela chuva, pois como estão na parte mais baixa do terreno, o risco de alagamento é maior.
“Com certeza quando chover a água deve entrar tudo aqui dentro, a nossa torcida é para que não chova e se chover que seja fraco”, desabafa Rafaela.
Quem também está preocupada com a possibilidade de chuva é a dona de casa Kellen ketelyn, de 23 anos, que divide a barraca com a mãe, três filhos, uma vizinha com marido e filhos. Embora a tenda esteja na parte mais alta, a preocupação com a chuva é grande.
“A prefeitura mandou uma patrola e fez aquela valeta ali, mas acredito que a água possa passar dela, se passar as barracas vão encher de lama”, diz Kellen se referindo a valeta feita para escoar a água da chuva e evitar que as tendas sejam atingidas.
“A minha mãe já morou em barraco de lona antes e ela conta que em dias de chuva é muito complicado, eu nunca passei por isso, mas agora eu tenho medo que a lona voe, principalmente por conta das crianças, a nossa maior preocupação é com as crianças por que a gente consegue se virar”, explica Kellen.
Nos barracos que sobraram a energia elétrica e água encanada ainda não voltaram e os moradores aguardam uma posição da prefeitura sobre a retirada deles da comunidade.
De acordo com Cinthia Araujo de Souza, 30 anos, líder comunitária, a prefeitura pediu um prazo de 10 dias para decidir o que fazer com os moradores e aguardam resposta na quarta-feira (22).
“Por enquanto a gente tá aqui na incerteza, a gente quer sair daqui e ir pra uma casa e não voltar pro barraco, o medo é ir pro barraco e pegar fogo novamente”, afirma Cinthia.
Higiene
Outro ponto que preocupa os moradores é em relação a higiene, segundo Cinthia, o serviço de coleta de lixo passou apenas um dia e no local já é possível verificar acúmulo de sacos com restos de alimentos, lixo, garrafas descartáveis e embalagens de marmitas.
Os banheiros químicos disponibilizados pela prefeitura também são motivo de reclamação, a líder comunitária afirma que eles foram deixados lá e não passaram por limpeza. “Os banheiros não foram esvaziados, estão poderes”, diz Cinthia.
Os moradores improvisaram um banheiro, mas as mulheres não se sentem seguras para tomar banho, pois fica em frente a uma conveniência. “A gente fez esse banheiro improvisado mas ali poucas mulheres estão tomando banho por que fica de frente pra conveniência e muitas não se sentem seguras, estão indo lá mais para dar banho nas crianças”, finaliza Cinthia.
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