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Capital

Após três acidentes, buraco é tapado sob chuva antes de o socorro chegar

Ricardo Campos Jr. | 03/02/2016 07:30
Buraco na Ernesto Geisel tampado (Foto: Fernando Antunes)
Buraco na Ernesto Geisel tampado (Foto: Fernando Antunes)
Buraco na Ernesto Geisel antes de ser fechado e, ao fundo, Janelice caída ao chão (Foto: Direto das Ruas)
Buraco na Ernesto Geisel antes de ser fechado e, ao fundo, Janelice caída ao chão (Foto: Direto das Ruas)

Um buraco na Avenida Ernesto Geisel, no trecho que passa pelo Guanandi, em Campo Grande, causou três acidentes e furou o pneu de um carro em menos de dez minutos nesta terça-feira (2). Uma das vítimas foi a estudante de engenharia Janelice Dias, 21 anos, que está internada com diversos ferimentos pelo corpo no Hospital do Exército. Ela afirma que, antes mesmo de a ambulância chegar, uma equipe da prefeitura foi até o local e tapou a cratera mesmo com chuva, prática considerada incorreta.

A jovem estava indo da faculdade para o estágio quando se acidentou. “Era uma curva. Tinha um carro na minha frente, o que estourou o pneu, e não deu tempo de desviar. Na hora em que eu caí, olhei para o lado e vi outras duas mulheres, uma com a perna toda cortada e a outra com o pescoço sangrando, acidentadas também”, lembra.

Segundo ela, as outras motociclistas possivelmente tinham os documentos atrasados, pois esconderam os veículos em uma loja e foram embora quando o resgate e a polícia haviam sido chamados. “Quando passou uns cinco, seis minutos, eu vi que o pessoal estava interditando a rua e tampando o buraco”, lembra.

A sorte de Janelice foi que várias testemunhas fotografaram a cratera aberta, imagens que serão fundamentais se ela decidir pedir algum tipo de indenização ao município. “O buraco ocupava quase toda a pista do meio e tinha uma média de 15 a 20 centímetros de profundidade. A moto ficou e eu voei”.

Os médicos mantiveram a estudante internada porque ela apresentou um pequeno aumento no rim, indicando que podem haver lesões internas. Além disso, ela teve escoriações e lesões no joelho e tornozelo, o que deve deixá-la acamada por mais alguns dias.

“Eu fico indignada. O IPVA é caríssimo. Meu imposto já foi pago e nós esperamos pelo menos que as ruas que andamos tenham segurança. Eu não caí voltando de uma balada. Começou meu semestre ontem, não tenho como ir à faculdade, não tenho como ir trabalhar. Meu estágio, sei lá como vai ficar, sem contar o dano da moto. O Brasil está em crise e não tenho condições de comprar outra”, comenta a motociclista.

Janelice cobra empenho do poder público em resolver o problema dos buracos na cidade. “Queria que eles tomassem providência. Outras pessoas também foram prejudicadas. Não é só uma rua, não sou apenas eu, são milhares de pessoas que caem. A cidade está esburacada. Eles arrumam e abre de novo”, completa.

O Campo Grande News entrou em contato com a prefeitura e, até a publicação desta reportagem, não houve retorno. A prática de tapar buracos durante a chuva não é recomendada pelo próprio município, já que pode significar desperdício do material usado na correção.

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