Até criança apanhou em ação do Choque, contou mãe
Criança também relatou que, em dias de audiência sobre o caso, PMs ficavam paradas em frente a casa da família
Suposta ação truculenta que resultou na punição de 4 militares do Batalhão de Choque envolveu até uma criança. De acordo o Ministério Público, em uma operação de rotina, os militares: Flávia Souza Olivedo; Willian Santana Moreno; Wanderson Rodrigues Piske e Luan Fernandes Alves, praticaram crimes de tortura, injúria, violação de domicílio e lesão corporal contra quatro pessoas, entre elas, um menino de apenas 10 anos de idade.
Consta na ação, que o garoto foi vítima de lesão corporal e injuria, juntamente com a mãe. Conforme descrito por Jiskia Trentin, da 24ª promotoria de Campo Grande, que inclusive pediu a prisão dos quatro militares, as agressões ficaram demonstradas por meio de fotografias e exames de corpo de delito.
No depoimento prestado ao Ministério Público, a criança de 10 anos também narrou os episódios de perseguições praticados pelos policiais, sempre próximos aos dias de audiência em que seriam ouvidos sobre abuso de força policial, após denuncia feita ao MP. Segundo o garoto, uma viatura da PM parou em frente à residência por duas vezes, o que configura tentativa de intimidação.
“Eles ficaram passando lá em casa e parando. Nós tava lá em casa limpando a casa, ai eles pararam e ficaram encarando lá, as viaturas, três dias. Isso quando nós ia pra audiência, quinta, essa quinta, essa quinta e a quarta. Ontem foi quarta, eles pararam tipo umas 11 horas e ficaram parado e quase entraram lá em casa. Que era um carro do choque”, disse a criança em um trecho do depoimento.
Em relação ao depoimento prestado pela criança, o juiz titular da Auditoria Militar, Alexandre Antunes de Oliveira, que negou o pedido de prisão dos militares, considerou que não há como afirmar seguramente que os militares envolvidos estavam na viatura.
“Não está a se dizer que esse tipo de postura de parar a viatura na frente da casa de uma vítima, acaso realmente verdadeira, não configura intimidação apta a sinalizar a periculosidade do agente, contudo, entendo necessária a existência de elementos mais concretos para justificarem a decretação da medida extrema em desfavor de quatro policiais militares”, entendeu o juiz.
Apesar de negar a prisão preventiva dos militares, o juiz impôs medidas cautelares aos PMs envolvidos, entre elas, a proibição para os 4 servidores do Batalhão de Choque de se aproximarem das vitimas, seus familiares e das testemunhas do caso, no limite mínimo de 500 metros.
Eles também estão proibidos de manter contato com todos os citados por qualquer meio de comunicação. Além da proibição de aproximação e contato com as vitimas, os militares estão proibidos de tirar serviço nas áreas de atuação compreendidas pelas residências das vítimas e testemunhas do caso.
Em resposta à reportagem, a assessoria de Comunicação Social da PM informou que os depoimentos dos Policiais Militares citados ocorrerão nos autos da Ação Penal Militar a que faz referência a medida cautelar imposta aos Policiais Militares.
Quanto à situação funcional dos policiais, essa não sofreu qualquer tipo de prejuízo, uma vez que a medida cautelar imposta atende a fins específicos. Ademais, o trabalho desenvolvido pela Polícia Militar em todo o Mato Grosso do Sul não sofreu qualquer alteração.