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Capital

Moradores reclamam de decisão que afastou PMs do Choque por excessos

Reunião que aconteceria nesta quinta-feira para discutir assunto foi adiada e sem data prevista

Mirian Machado e Cléber Gelio | 23/06/2022 12:12
Moradores investiram em segurança por causa da bandidagem em bairros. (Foto: Marcos Maluf)
Moradores investiram em segurança por causa da bandidagem em bairros. (Foto: Marcos Maluf)

Após repercussão de pedido de prisão e afastamento de quatro policiais militares do Batalhão de Choque dos bairros Jardim Aeroporto e Vila Popular, em Campo Grande, após ação considerada truculenta, moradores reclamam da decisão e afirmam que regiões precisam de mais policiais, ao invés de proibir a presença deles.

Após serem denunciados pelos crimes de tortura, injúria, violação de domicílio e lesão corporal militares foram proibidos de realizar policiamento na região oeste da Capital, que compreende os bairros Jardim Aeroporto e Vila Popular. A proibição foi determinada pelo juiz titular da Auditoria Militar, Alexandre Antunes de Oliveira .

No Jardim Aeroporto, por exemplo, o ajudante interno de depósito, Matheus Felipe dos Santos, de 22 anos, acredita que há quem mereça “esse tipo de abordagem” pois os bandidos não têm medo nem vergonha do que fazem. “Os caras [bandidos] estão vendendo droga na frente das crianças. Acho injusto tirar os policiais daqui porque querendo ou não a gente corre risco de qualquer jeito, mas tirá-los daqui não vai adiantar”, explicou.

Lúcio afirma que deveriam colocar mais policiais, não tirá-los. (Foto: Cleber Gelio)
Lúcio afirma que deveriam colocar mais policiais, não tirá-los. (Foto: Cleber Gelio)

Morador do bairro há 30 anos, o serralheiro Lucio Ferreira da Silva, de 56 anos, acredita que não houve necessidade para que decisão ocorresse. “Não tem necessidade de afastar, muito menos de pedir prisão. Já temos pouco policiamento no bairro, deveria é ter mais”, afirmou.

Com medo por já ter sido vítima de bandidos, um comerciante de 47 anos, preferiu não se identificar. Ele afirma que o Ministério Público não sabe da realidade dos policiais nas ruas da cidade. “Assaltos, furtos e tráfico de drogas e usuários são constantes. Queremos e necessitamos da polícia na rua e não trancada. Agora o traficante tem o poder de falar se a polícia vai trabalhar ou não? Aí fica difícil”, disse.

Ele ainda relembrou que no ano passado o comércio foi alvo de ladrões. “Tive um prejuízo de R$ 7 mil. Levaram tudo, inclusive a fiação. Meu genro foi recentemente assaltado na esquina de casa. Por isso tive que investir em segurança com câmeras e aumentar o muro da casa”, lamentou.

Reunião adiada – A ACS (Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul) chegou a marcar uma reunião para esta quinta-feira (23) com o presidente da ASMMP (Associação Sul-mato-grossense dos Membros do Ministério Público), Romão Ávila Milhan Junior, para discutir o assunto, porém a reunião foi desmarcada pelo Ministério Público, segundo a ACS. Uma nova data para a reunião será analisada.

Viatura com policiais do Batalhão de Choque saindo em diligências na Capital. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Viatura com policiais do Batalhão de Choque saindo em diligências na Capital. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Caso – As vitimas das agressões denunciaram o caso ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que inclusive queria a prisão dos policiais envolvidos. A ação está em tramitação na Vara da Justiça Militar, onde foi indeferido pedido de prisão cautelar dos policiais investigados, porém foram impostas regras alternativas.

Dentre as medidas cautelares, está a proibição para os 4 servidores do Batalhão de Choque de se aproximarem das vitimas, seus familiares e das testemunhas do caso, no limite mínimo de 500 metros. Eles também estão proibidos de manter contato com todos os citados por qualquer meio de comunicação.

Fora a aproximação e contato com as vitimas, os militares estão proibidos de tirar serviço nas áreas de atuação compreendidas pelas residências das vítimas e testemunhas do caso.

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