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Capital

Até repórter vacinado: secretário insiste que só imunizou público-alvo

Instituto Butantan, responsável pela fabricação, também descarta hipótese de frascos com menos doses

Leandro Abreu | 25/05/2016 15:39
Secretário de saúde publicou em sua rede social um texto insistindo com a história de que doses vieram faltando. (Foto: Fernando Antunes)
Secretário de saúde publicou em sua rede social um texto insistindo com a história de que doses vieram faltando. (Foto: Fernando Antunes)

O secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, insiste em afirmar que nenhuma pessoa fora do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a gripe foi imunizada nos postos de Campo Grande, mesmo o Campo Grande News já tendo noticiado denúncias de pessoas que não fazem parte do público-alvo, incluindo um membro da reportagem, que conseguiram ser imunizados nas unidades da Capital. 

Em uma postagem no Facebook nesta quarta-feira (25), o responsável pela saúde pública da Capital reafirmou ainda que o “sumiço” de 3 mil vacinas foi provocado pela quantidade menor de doses enviadas, o que é descartado pelo laboratório responsável.

Conforme um texto publicado em sua página na rede social, o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) diz que responsáveis por várias unidades de saúde da Capital entraram em contato com a secretaria afirmando que frascos da vacina, que deveriam conter 10 doses, continham uma média de 8 a 9 doses, o que refletiu diretamente na imunização da população.

“Não existe pessoas que foram vacinadas fora do grupo de risco. Gostaria de comunicar que superamos a meta 80% que foi estabelecida pelo Ministério da Saúde. Em Campo Grande, 93% do nosso grupo de risco foi vacinado”, escreveu também Fonseca.

Mesmo com essa afirmação do responsável pela saúde da Capital, a reportagem recebe todos os dias denúncias de pessoas que se vacinaram em postos de saúde, mesmo sem fazer parte do grupo de risco. Nesta terça-feira, a Prefeitura informou que ainda haviam 18 mil doses da vacina nos postos, sendo 8 mil para imunizar população carcerária e, 10 mil para a segunda dose que deve ser aplicada nas crianças pequenas.

A administração municipal precisa justificar ainda o paradeiro de 3,1 mil doses. A reportagem do Campo Grande News apurou e mostrou falhas na estratégia de vacinação, uma vez que integrantes do grupo prioritário não conseguiram ser vacinados em várias unidades de saúde, informados de que as doses tinham acabado, ao passo em que outros que não integram esse público conseguiram ser imunizados. Até mesmo integrantes da reportagem conseguiram ser vacinados.

Conforme o secretário, essas irregularidades constatadas nas unidades básicas da Capital já foram denunciadas ao MPF (Ministério Público Federal), MPE (Ministério Público Estadual) e à CGU (Controladoria Geral da União). “Faltou vacinas em Campo Grande porque não continham nos frascos o que estava discriminado”, admite na publicação.

Na manhã de hoje o Instituto Butantan – responsável pela fabricação das vacinas – emitiu uma nota explicando o processo de produção das vacinas contra a gripe e excluindo a hipótese dita pela Sesau que os frascos foram entregues com doses a menos.

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