Atraso salarial vira “bola de neve” e 500 médicos ameaçam parar na Santa Casa
Autônomos e pessoas jurídicas já alertaram ao Sinmed sobre o desligamento da máquina de angiologia, além da paralisação dos transplantes e cirurgias torácicas
De um lado, médicos terceirizados reclamando do atraso de cinco salários. Do outro, a Santa Casa de Campo Grande admite o problema, mas culpa a falta de repasses da Prefeitura e do Governo. A recorrente demora no pagamento virou uma “bola de neve” e cerca de 500 médicos alertam para nova paralisação.
Nesta sexta-feira (8) é dia do pagamento da folha na Santa Casa mas, segundo o hospital, a prefeitura ainda precisa repassar R$ 4,9 milhões e o Governo mais de R$ 4,2 milhões. O hospital garante que os salários dos funcionários fixos está em dia.
Ainda segundo o hospital, por falta de repasse do Governo, a prefeitura chegou a adiantar à Santa Casa o valor de R$ 900 mil referentes aos atendimentos que foram realizados no Trauma, nos meses de outubro, novembro e dezembro.
O problema é que ontem, quinta-feira (7), os médicos autônomos e pessoas jurídicas se reuniram no Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) e alertaram sobre a paralisação os serviços.
Eles prometeram desligar a máquina da angiologia, além de parar transplantes na urologia e cirurgias torácicas. Todos esses serviços são feitos por médicos de empresas.
Ao Campo Grande News, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmou o repasse de R$ 924 mil referentes a produção da Unidade do Trauma, no último dia 1º de março. Já o pagamento dos R$ 4,2 milhões referentes à pactuação com a Santa Casa foi encaminhado à Secretaria de Fazenda e irá ser depositado hoje, sexta-feira (8).
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) explicou que, legalmente, o município tem até o 5º dia útil, a partir da data de emissão das notas de serviço, para realizar o pagamento à instituição. Porém, garantiu à reportagem que os R$ 4,4 milhões do município também serão transferidos hoje
Problema antigo - Em dezembro de 2018, os médicos pararam os atendimentos devido a um atraso nos salários e falta do pagamento da 1ª parcela do 13º salário. No entanto, todo o ano foi marcado por paralisações e ameaças de paralisação pela classe, por conta do mesmo problema.
À época, a Santa Casa informou que aguardava o repasse de cerca de R$ 15 milhões, referente aos salários atrasados. As verbas deveriam ser repassadas pelo governo estadual e prefeitura.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) rebateu a informação e garantiu que o Estado não era o responsável pela paralisação. Ele também criticou a gestão interna da Santa Casa. Na avaliação dele, o grande problema era a "caixa preta" em que tinha se transformado o maior hospital de Mato Grosso do Sul.
Ainda no mesmo mês, como solução, O MPTMS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) pediu o bloqueio de R$ 6.352.942,87 milhões da Santa Casa, para garantir o pagamento dos salários atrasados dos salários e 13º salário de médicos, além do descumprimento de acordo entre a entidade e o órgão, firmado ainda em 2017.