Autônomo é morto a tiros pela polícia durante surto na Mata do Jacinto
O autônomo João Cedrão Rosa, 59 anos, foi morto a tiros por policiais militares, por volta das 11h de hoje (14), em um terreno baldio que fica no cruzamento das ruas Jorge Kalil Duailib e Miguel Seba, na Mata do Jacinto, em Campo Grande. Antes de ser atingido pelos disparos e morrer, João estava em surto psicótico e atirou contra os militares.
Conforme o filho da vítima, o agente comunitário de saúde Maylson Costa Rosa, 25, João tinha transtornos mentais e TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Na semana do Carnaval, as crises começaram a ficar mais intensas e os surtos mais frequentes.
No final da manhã de hoje, após mais uma dessas crises, a família de João decidiu chamar o Corpo de Bombeiros. “Ele estava agressivo, gritava muito e dizia que ia embora. Queríamos que ele fosse levado ao hospital”, contou a esposa dele, a dona de casa Fátima Souza Costa Rosa, 57.
Pelo fato de ele estar agressivo e ameaçar os familiares de morte, inclusive com uma arma, o Corpo de Bombeiros acionou a Polícia Militar para dar apoio à ocorrência. Ao perceber a presença dos militares, João, que morava em uma casa da Rua Afro Puga, pulou os muros do fundo e se escondeu em um terreno baldio com mato alto.
Dois policiais militares foram atrás dele, momento em que ocorreu o confronto e a morte do autônomo. Um dos policiais, que foi recebido por um tiro por João, contou que chegou tentando acalmar os ânimos. “Pedi para ele soltar a arma e me identifique como policial. Nesse momento ele deu um tiro”, disse o soldado de 27 anos que pediu para não ser identificado.
“Depois que ele atirou, eu me abaixei e atirei de volta”, explicou. O soldado contou que a técnica empregada na ação é conhecida como “Double Tap”, onde o policial efetua dois disparos de legitima defesa. “Aprendemos na academia”, pontuou.
Conforme o militar, a vítima foi alvo de quatro disparos, dois de cada policial. Entretanto, para a família, cada um deles atirou quatro vezes contra João. “Eu pedi para o policial me deixar conversar com ele. Não precisava atirar. Se eu desse mais um passo, os dois tinham atirado em mim também”, disse o filho da vítima.
Segundo Maylson, o confronto entre a polícia e o autônomo foi presenciado por ele e por uma vizinha. “Os tiros foram a queima-roupa”, afirmou o jovem.
Os bombeiros que estavam no local ainda tentaram socorrer a vítima, encaminhado ela para o Posto de Saúde Nova Bahia. No entanto, João morreu em decorrência dos ferimentos.
Investigação – A perícia da Polícia Civil foi acionada para recolher as provas do crime. Uma arma calibre 22, com seis munições, sendo uma deflagrada, foi apreendida. O material pertencia ao autônomo.
Conforme o delegado Dmitri Palermo, titular da 3ª Delegacia de Polícia da Capital, “uma vítima com problemas mentais estava de posse de uma arma em meio ao mato”. “Os bombeiros pediram apoio da Polícia Militar e na aproximação dos policiais, a vítima disparou um primeiro tiro”, disse.
O delegado afirmou que a ação foi em legítima defesa, além de garantir a segurança da sociedade, já que o homem em surto psicótico poderia atirar em qualquer um que passasse pela rua.
“Ainda não é possível afirmar quantos tiros acertaram a vítima. Exames necroscópicos foram solicitados. Sabemos que quatro tiros foram disparados pela PM, dois de cada policial”, concluiu o delegado.
O caso é investigado pela 3ª DP.