Baixa umidade do ar e tempo seco elevam em 80% casos de gripes
Bastam alguns dias sem chuva para as crianças sentirem o efeito do tempo seco. Prova disso é a recepção dos hospitais e postos de saúde, que nesse período ficam lotados e chegam a registrar um aumento de até 80% no número de crianças gripadas ou com problemas respiratórios, decorrentes da baixa umidade relativa do ar.
Este foi o cenário constatado nos postos visitados na quinta-feira (30), na Capital. E a notícia não é boa para os pais. Segundo dados do Cemtec (Centro de Monitoramento do Clima, Tempo e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul), a Capital ainda deve enfrentar mais dez dias de secura.
A última chuva forte, suficiente para elevar a umidade relativa do ar caiu dia 11, quando foram registrados 20,4 milímetros. Com isso, a umidade já atinge níveis preocupantes. Nesta manhã ela estava em 40% e a tendência, nos próximos dias, é que atinja a marca de 25%, quando o ideal para a saúde humana é manter em 60%.
Com esse quadro, a tendência, segundo a pediatra Ivone Reis Moreira Coutinho, que atende na rede pública municipal, é que a busca pelos postos de saúde continue grande, especialmente pelas vítimas de gripe e problemas alérgicos, que causam irritação nos olhos, garganta e nariz.
Quem mais sofre com o tempo seco são as pessoas que já possuem uma predisposição às doenças respiratórias, como bronquite e rinite. A pediatra faz um alerta aos pais para que fiquem atentos, já que os sintomas de um resfriado podem se confundir com os de alguma alergia, por isso é fundamental que os pais levem os filhos à uma unidade de saúde logo que a criança comece apresentar os sintomas.
“Uma tosse seca incessante ou mal curada pode evoluir para uma crise asmática”, ressalta a pediatra, que também chama atenção para automedicação. “Dar remédio por conta própria é um risco grave”, alerta.
Os sintomas mais comuns das doenças alérgicas são obstrução do nariz frequente, espirros repetidos e coceira no nariz, olhos, garganta ou ouvidos. Com o clima seco, a tendência é a potencialização dos sintomas, já que, de acordo com a médica, o oxigênio entra mais seco pelo nariz, levando à inflamação e produção excessiva de secreção.
Nos casos que evoluem para a bronquite asmática, ocorrem crises de tosse associada, na maioria das vezes, à falta de ar e chiado no peito. Estes sintomas podem ser intermitentes ou persistentes e, se não tratados, podem, em casos extremos, levar a morte, principalmente se o paciente for idoso.
Para amenizar os sintomas e até mesmo evitar que as crianças sejam vítimas desses incômodos, Ivone Reis afirma que é importante manter todos os ambientes da casa umidificados. “Quem não tem o aparelho pode colocar uma bacia com água e panos úmidos em todos os cômodos, não apenas nos quartos. Basta estendê-los no encosto do sofá e nos móveis”, orienta.
Com a umidade baixa, o ar chega muito seco nos pulmões e também dificulta a situação dos asmáticos. Em alguns casos, há a associação da rinite alérgica e da asma, provocando também alergia de pele, ardência e lacrimejamento nos olhos e inchaço nas pálpebras. “O uso do soro fisiológico no nariz da criança é importante para combater os sintomas”, explica a pediatra.
A médica Ivone Reis afirma que é imprescindível oferecer muito líquido para a criança ingerir, principalmente os bebês, sujeitos a desidratar com facilidade. Limpar a casa com pano úmido, sem o uso de produtos químicos, que podem piorar a alergia, também ajuda a aliviar o mal estar. “Quando o dia está ventando muito, como hoje, ainda tem a poeira e até o pólen das flores para contribuir com as crises respiratórias”, ressalta.
Zelo - Consciente do mal que o tempo seco causa á saúde das crianças, a dona de casa Bruna Taís da Rocha, mãe do pequeno Lucca, de 2 anos, sempre procurar oferecer sucos, água e chá para o filho, que este ano ainda não contraiu nenhum resfriado. “Também fico atenta ao calendário de vacina. É importante dar o reforço contra a gripe e tomar as demais doses”, diz.
Já a estoquista Maria Nilza também toma os mesmo cuidados, colocando umidificador no quarto e oferecendo água a todo momento à sua filha Sofia, de 1 ano e 8 meses, mas os cuidados não livraram a pequena da gripe, que causou febre de 39ºC. “Cuido da saúde ela porque sei que essa época é terrível, mas na creche ela tem contato com outras crianças e fica difícil”, destaca.
A crise alérgica que atingiu a garganta das irmãs Beatriz, 6 e Brenda, 5 fez as duas perderam aulas durante 15 dias e nesta segunda-feira quem buscava atendimento era a mãe das meninas, a vendedora Mirian Gonçalves, que reclamava de dores no corpo e febre. “Pensei até que fosse dengue, mas é um resfriado forte. Com esse tempo não tem como se proteger muito”, reclama.
O casal Késia e Bruno Silva, pais de Ana Manuely, de 3 anos, não esperaram o quadro clínico da filha piorar e logo procuraram o Centro Pediátrico na Avenida Afonso Pena. Vomitando e com febre, a menina foi consultada e o diagnóstico apontou para a virose que atinge a maioria das crianças nessa época do ano. “Dou suco direto, mas quando ela fica doente não espero melhora, logo levo ao médico”, destaca a mãe.
De acordo com a pediatra Ivone Reis, outro fator importante que contribui com a saúde dos pequenos nos períodos secos é a obediência ao calendário de vacinas. “A partir do segundo mês é necessário dar as doses bimestrais, que já incluem as vacinas contra a influenza e também as das campanhas anuais, que previnem contra o H1N1 e que podem ser tomadas a partir do sexto mês”, alerta