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Capital

"Beco do Tirão": tráfico vence polícia, diz comunidade

Vizinhos reclamam da falta de segurança com comércio “formiguinha”, ironicamente, perto de 3 delegacias

Por Gabriela Couto | 30/08/2024 08:38
Rua da Tuba, com movimentação de alguns moradores no final da tarde desta quinta-feira (29) (Foto: Juliano Almeida)
Rua da Tuba, com movimentação de alguns moradores no final da tarde desta quinta-feira (29) (Foto: Juliano Almeida)

“Tem de R$ 10. Tem de R$ 20”, diz o traficante para qualquer veículo que parar entre o quadrilátero das ruas da Flauta, Pandeiro e Tuba. O lugar é popularmente conhecido como “Beco” no bairro Tiradentes, também apelidado de “Tirão”, que faz os moradores penarem por conta do "tráfico formiguinha".

Pelas ruas estreitas, incapazes de permitirem a circulação até de carros, ficam as “biqueiras” mais populares, as bocas de fumo. Há décadas o bairro permanece com um modus operandi de traficantes que aliciam jovens da periferia que buscam o caminho mais rápido para conseguir dinheiro.

Assim, eles se transformam em vendedores, que operam a cada esquina. “O traficante passa a droga a prazo. Depois de vendida, ele passa para receber”, explica uma das vizinhas do ponto, que por motivos óbvios pediu para não ser identificada.

Movimentação de moradores na Rua do Pandeiro no dia de hoje (Foto: Juliano Almeida)
Movimentação de moradores na Rua do Pandeiro no dia de hoje (Foto: Juliano Almeida)

Incomodados com o aumento da insegurança, os moradores que convivem com vizinhos “olheiros” e vendedores decidiram denunciar a escalada de violência no local. Sem querer se identificar, eles afirmam que a situação fica pior no período da noite, depois que acabam as rondas da polícia.

“Nós ,cidadãos de bem, estamos sofrendo com o fluxo do tráfico formiguinha. Constantemente tem roubos, furtos, assalto aos carros de aplicativo. Até mesmo os próprios usuários de droga, no caso clientes deles, eles roubam. A polícia vem durante horários que, eu digo desnecessário, porque depois das 21h começa nosso martírio. São brigas, confusões, moleque empinando moto”, lamenta uma das moradoras.

Linhas azuais reproduzem percuso da distância entre ruas onde comércio de drogas acontece todos os dias (Foto: Google Maps)
Linhas azuais reproduzem percuso da distância entre ruas onde comércio de drogas acontece todos os dias (Foto: Google Maps)

De acordo com outro morador, a região onde os vendedores atuam passa por momentos de paz após operações policiais. No entanto, a última grande ação da polícia ocorreu em janeiro deste ano. De lá para cá, a situação piorou.

“Antes era mais discreto. Agora está mais difícil, saiu do controle. Está fora do normal. Eles passam chutando nossos portões. Ficam loucos. Roubam carros e quebram garrafas nas nossas plantas”, lamentou outro morador.

O pedido é que uma base da guarda municipal ou da polícia seja montada no local para fazer abordagens mais contínuas.

Outro problema que está ocorrendo é a permanência de usuários de drogas atrás do Supermercado Pires, na Travessa Oboé. Uma “minicracolândia” está se formando no local, com pessoas em situação de rua. A situação tem causado pânico entre os moradores.

Usuários de drogas criaram minicracolândia em Travessa Oboé, próximo ao Beco do Tirão (Foto: Juliano Almeida)
Usuários de drogas criaram minicracolândia em Travessa Oboé, próximo ao Beco do Tirão (Foto: Juliano Almeida)

Curiosamente, o “Beco” fica numa espécie de ilha entre três delegacias importantes da Polícia Civil. Está a 900 metros da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), 1,2 km do Cepol (Centro Especializado e Polícia Integrada), que abriga várias unidades de investigação, e 2 km da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).

As denúncias, segundo os moradores, são de conhecimento das forças de segurança. “A polícia tem que estar presente. A polícia sabe o que está acontecendo, porque tem denúncia no 190. Final de semana fica pior. O bicho pega. À noite, de madrugada, 3h, 4h, é carro, moto, passando. Eles (vendedores) ‘atendem’ à noite inteira. Quer dizer então que não tem polícia. Não tem porque a madrugada inteirinha eles ‘atendendo’. E você vê só ‘carrão’ burguês que vem”, relata outra vizinha.

Em azul, linhas mostram três delagcias que ficam próximas ao Beco do Tirão, circulado em vermelho (Foto: Juliano Almeida)
Em azul, linhas mostram três delagcias que ficam próximas ao Beco do Tirão, circulado em vermelho (Foto: Juliano Almeida)

Resposta – A assessoria de imprensa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul informou que há pouco tempo a Denar realizou uma operação policial no bairro para combater o tráfico de drogas.

“Em contínuo trabalho que a repressão ao tráfico de drogas exige, outras operações estão sendo planejadas com foco naquele bairro. Também, em outra linha de trabalho que compete a Polícia Civil, investigações são feitas para as identificações de pessoas que vendem drogas, e posterior medidas legais serão providenciadas. Todas as denúncias são bem vindas e analisadas, para o embasamento dos trabalhos da Polícia Civil, na repressão aos crimes”, afirmou a nota.

A reportagem também pediu um posicionamento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, mas até a publicação desta matéria não recebeu um retorno. Os moradores chegaram a enfatizar que a presença de viaturas do Batalhão de Choque assusta os vendedores de droga, mas que as rondas não são constantes. O espaço segue aberto para o posicionamento da segurança pública.

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