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Capital

Bernal quer novo sistema para consulta e R$ 9,6 milhões de volta

Edivaldo Bitencourt e Lidiane Kober | 17/09/2013 16:40
Ivandro e Luiz Alberto rebatem acusação feita pelo presidente de consórcio (Foto: Cleber Gellio)
Ivandro e Luiz Alberto rebatem acusação feita pelo presidente de consórcio (Foto: Cleber Gellio)

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), vai entrar na Justiça para pedir a devolução dos R$ 9,6 milhões pagos pela implantação do Gisa (Gerenciamento de Informações em Saúde), que permite o agendamento de consultas por telefone na rede pública. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) vai iniciar um projeto paralelo para começar um novo sistema, apesar do antigo ter sido considerado “referência” pelo Ministério da Saúde.

O secretário municipal de Saúde, Ivandro Corrêa Fonseca, e o presidente do IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação), Luiz Alberto de Oliveira Azevedo, concederam entrevista coletiva, na tarde de hoje (17), na unidade básica de saúde do Conjunto José Tavares do Couto, na saída para Cuiabá.

Eles rebateram as denúncias, feitas ontem pelo diretor-presidente do Consórcio Telemídia e Technology International, Naim Alfredo Beydoun, em depoimento à CPI da Saúde da Assembleia Legislativa. Ele disse que o sistema está pronto, mas que não é ativado por falta de vontade político. Beydoun citou ofício do secretário de Saúde informando que 95% do sistema estava instalado e 96% pago.

De acordo com Azevedo, dos 12 módulos, quatro estão aptos a funcionar, mas não estão interligados. Isso significa que o usuário, segundo o presidente do IMTI, marca a consulta por telefone, mas é obrigado a esperar por horas para fazer o cadastro na consulta e outro tempo na farmácia.

Técnicos do órgão reforçaram a posição do chefe, de que o sistema é inviável. Eles disseram que a rede deveria quadruplicar a capacidade para ter condições de viabilizar o Gisa. A rede do SUS (Sistema Único de Saúde) tem três megabytes, enquanto o ideal seria de 12 megabytes. A modernização exigirá investimento de no mínimo R$ 10 milhões.

Além disso, uma sindicância apurou outras irregularidades no programa criado pela Telemídia. Com o procedimento concluído, o secretário municipal de Saúde encaminhou a recomendação do grupo para a Procuradoria Geral do Município. Ele diz que uma das hipóteses é pedir a devolução dos R$ 9,6 milhões pagos ao consórcio pela implantação do Gisa.

Ivandro Fonseca defendeu a recuperação do dinheiro investido e a implantação de um novo sistema para modernizar a marcação de consultas. A proposta é recomeçar do zero.

Referência – Em depoimento à CPI da Saúde, Beydoun contou que o sistema chegou a ser elogiado e citado como referência pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, a proposta era levar o modelo para todas as capitais brasileiras como um grande avanço no agendamento de consultas pelo SUS.

Nesta terça-feira, Fonseca também acusou a empresa de não revelar o código fonte dos módulos, o que a mantém no controle do sistema por tempo indeterminado. Ele disse que dos 12 módulos, sete teriam código fonte que só a Telemídia saberia. Só a manutenção exigiria o pagamento de aproximadamente R$ 433 mil por ano.

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