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 Capital mantém cinturão verde com gente produzindo 1 milhão de mudas por semana

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Capital mantém cinturão verde com gente produzindo 1 milhão de mudas por semana

Quem diria, nos seus 122 anos, Campo Grande fica cada vez mais verde e horta segue sustentando família

Viviane Oliveira | 25/08/2021 08:30
Muda de alface de viveiro, que fica às margens de avenida movimentada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Muda de alface de viveiro, que fica às margens de avenida movimentada. (Foto: Henrique Kawaminami)
Arlei ao lado das mudas que exporta para todo o Mato Grosso do Sul. (Foto: Henrique Kawaminami)
Arlei ao lado das mudas que exporta para todo o Mato Grosso do Sul. (Foto: Henrique Kawaminami)

Há 12 anos, quando começou, Arlei produzia em sete dias, 6 mil mudas de hortaliças para o cultivo. De lá para cá, o negócio cresceu tanto, que a produção saltou para cerca de 800 a 1 milhão de plantas por semana, com exportação para todo o Mato Grosso do Sul. Quem diria, nos seus 122 anos, Campo Grande mantém um cinturão verde que ainda é negócio de família, mas não tem nada de caseiro. Suor, dedicação, investimento e muito trabalho ainda tem, porém, com tecnologia, o setor vem crescendo cada vez mais.

O viveiro fica numa área de 8 mil metros quadrados coberto por telas específicas, na movimentada Avenida Gabriel Spipe Calarge, na região do Jardim das Mansões, na mesma quadra das hortas e do hortifrúti da família de Arlei Oliveira Silva, 40 anos. Segundo o produtor, ele sempre mexeu com horta, ajudando o pai e o irmão na lida, até que resolveu migrar para as produções de mudas, ao perceber a carência de mercado nesse ramo.

Funcionário aguando viveiro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Funcionário aguando viveiro. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Essas mudas são importantíssimas para os produtores”, disse. Arlei conta com  9 funcionários, dois caminhões e três picapes, que fazem o transporte das mudas nas bandejas de plásticos para Campo Grande e interior do Estado.

Para Corumbá, município mais distante, as plantas são levadas em caminhões de transportadoras. Elas são resistentes e chegam intactas, só um pouco amassadas, mas depois de 24 horas de cultivo, já estão bonitas novamente. Uma bandeja em média com 200 células, custa R$ 14, o preço depende do valor da semente. “Um dos itens mais caros é o tomate e o pimentão”, pontuou.

Depois de todo o procedimento de semeadura em máquina plantadeira e germinação, o início do crescimento da planta começa em local específico para depois ser transplantada para o viveiro, onde ficam nas bandejas suspensas em bancadas acima do solo para facilitar o manejo, nutrição, irrigação e evitar contatos com pragas, parte mais importante do cultivo. A muda de rúcula, por exemplo, já pode ser comercializada 15 dias após a germinação. “A gente hoje é referência, a gente cuida muito da qualidade do produto para sempre levar o melhor para o cliente”.

Jerônimo com os pés de alface colhidos na hora em horta hidropônica, no Tiradentes. (Foto: Henrque Kawaminami)
Jerônimo com os pés de alface colhidos na hora em horta hidropônica, no Tiradentes. (Foto: Henrque Kawaminami)
Plantas crescendo em tubos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Plantas crescendo em tubos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Parte das mudas do viveiro de Arlei vai para a horta hidropônica de 540 metros de Valmir Jerônimo, 53 anos, localizada também em área urbana na Rua Diva Ferreira, no Bairro Tiradentes. Há 6 anos, ele comercializa as hortaliças no mesmo local em que mantém a horta funcionado de segunda a segunda.

O cliente tem o privilégio de comprar as folhas colhidas na hora. “O que o cliente pedir, a gente vem escolher”. Para vender, Valmir não precisa de propaganda, a todo momento, chegam clientes atrás de verduras fresquinhas. O carro chefe é a alface, a sacola custa R$ 4 “Faço a minha feira aqui toda a semana”, disse a costureira Odalia Valiente.

Aposentado do Exército, Valmir começou com a horta por hobby e foi investindo no negócio. Na hidroponia, as raízes das plantas se desenvolvem em água rica em nutrientes, flutuando em reservatórios, alojadas em tubos, dispensando completamente a terra. Jerônimo cuida de todo o procedimento. Com sistema de nebulização e irrigação automática, o espaço tem estrutura de aço galvanizado coberto com lona plástica para evitar a entrada de insetos. “Depois de colhida, a planta dura ainda 5 dias na geladeira”, disse.

Horta que garante o sustento de Vânia e dos três filhos pequenos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Horta que garante o sustento de Vânia e dos três filhos pequenos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Couve, salsinha e cebolinha. (Foto: Henrique Kawaminami)
Couve, salsinha e cebolinha. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com instalações mais simples, numa propriedade de 1 hectare no Indubrasil, Vânia Simões Duarte, 37 anos, tem apoio de um projeto da Prefeitura e do pai de 62 anos para manter a horta. Ela tem três filhos de 4, 7 e 8 anos, um deles com paralisia cerebral, e o sustento da família vem da produção do plantio.

“Eu planto hortaliças, beterraba e mandioca”. O serviço começa cedo, ainda de madrugada, com o cuidado da terra feito pelo pai, com a ajuda de um trator. O sistema de irrigação fica no chão e funciona por gravidade, ou seja, necessitam de conjunto motor bomba para fazer o sistema funcionar e a água chegar às plantas. Vânia começou a cuidar da horta há 8 anos, mas o negócio vingou de uns anos para cá.

Tudo o que é colhido na horta de Vânia, é vendido em supermercados da região e na feira de orgânicos todas as quarta-feiras de manhã, na Praça do Rádio. A produtora também trabalha com delivery na região e com esse serviço chega a ganhar R$ 100 por semana. "Tem cliente que vem direto aqui comprar também. Eu trabalho com preços bem acessíveis". Segundo a Prefeitura, antes da pandemia, mais de 120 hortas estavam cadastradas no programa Hortas Urbanas.

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