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Capital

Capital tem média de 525 multas ao dia por abuso de velocidade

Mais de 126 mil condutores foram multados entre janeiro e agosto de 2023, segundo levantamento mais recente

Por Idaicy Solano e Geniffer Valeriano | 17/10/2023 15:26
Radar eletrônico localizado na Avenida Brilhante, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)
Radar eletrônico localizado na Avenida Brilhante, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)

De janeiro a agosto de 2023, mais de 126 mil condutores foram multados por excesso de velocidade em Campo Grande, de acordo com dados de levantamento mais recente da Agetran (Agência Municipal de Trânsito). O número representa uma média 525 infrações notificadas por dia na Capital.

No mesmo período, em 2022, foram registradas mais de 113 mil multas, o que representa crescimento de 11% nas infrações no período de um ano. Em Campo Grande, funcionam 93 radares espalhados pelas sete regiões da cidade.

Conforme valores consultados com o Detran (Departamento Estadual de Trânsito), o valor da multa e pontos na carteira variam de R$ 130 a R$ 800, e quatro a sete pontos na carteira, de acordo com a gravidade da infração.

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A atendente de caixa Juliana Oliveira, 33 anos, relata que muitos condutores não respeitam o limite de velocidade na Avenida Brilhante e que deixam para reduzir a velocidade apenas onde está o radar. Por conta disso, é perigoso inclusive atravessar a rua, de acordo com a atendente. "Até aconteceu acidente já aqui com a moto batendo na porta aí, mas aí foi de madrugada. E o horário de pico é difícil".

Silvio André Torres, 55 anos, é proprietário de uma mecânica na mesma avenida, na altura de onde está localizado o radar. Ele relata que, pelo menos no ponto onde está localizada sua loja, os condutores respeitam. "Estão respeitando. Porque mexe no bolso. Quando mexe no bolso é outra coisa. [Antes] todo dia tinha acidente".

Silvio André Torres, 55 anos, é proprietário de uma mecânica na Avenida Brilhante, e relata que condutores só respeitam a velocidade próximo ao radar (Foto: Geniffer Valeriano)
Silvio André Torres, 55 anos, é proprietário de uma mecânica na Avenida Brilhante, e relata que condutores só respeitam a velocidade próximo ao radar (Foto: Geniffer Valeriano)

Moradora da região, Márcia Santos, de 60 anos, relatou que os condutores, além de ultrapassarem os limites de velocidade, não respeitam os pedestres. Os piores momentos, de acordo com a moradora, são no início da manhã e final da tarde, considerados horários de pico. "Eles não esperam! Fechou o sinal aqui na esquina, eu fui atravessar e o motoqueiro só não me atropelou porque não era o meu dia".

Movimentação do trânsito na Avenida Brilhante, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)
Movimentação do trânsito na Avenida Brilhante, em Campo Grande (Foto: Geniffer Valeriano)

O especialista em trânsito Carlos Alberto Pereira destaca a facilidade de motociclistas conseguirem se esquivar dos radares, seja passando pela lateral ou de alguma outra forma. Isso reflete no maior número de multas para os veículos de quatro rodas, segundo ele.

Outro ponto apresentado é que por não haver nenhuma via rápida na Capital, que teria velocidade máxima de 80 km/h, os agentes de trânsito não podem ir às ruas com radares portáteis. Assim, dificultando obter dados sobre o perfil desses condutores.

“Como não se faz abordagem, não tem como avaliar o perfil do condutor, porque no registro ele vai para o proprietário do veículo. E posteriormente, as infrações podem ser transferidas para outra pessoa”, disse.

Com o fluxo do trânsito de Campo Grande crescendo a cada dia, a lentidão encontrada durante os horários de pico e a pressa do condutor fazem com que o motorista acabe não respeitando a velocidade da via. Entre as soluções apresentadas por Carlos está a aplicação de sinalização apontando rotas alternativas.

Veículos em alta velocidade no cruzamento entre a Avenida Tamandaré e a Euler de Azevedo (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Veículos em alta velocidade no cruzamento entre a Avenida Tamandaré e a Euler de Azevedo (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

“Uma solução de trânsito é oferecer essas rotas alternativas, porque o condutor de Campo Grande a gente observa até numa outra posição. Comentamos que na maioria das vezes ele nasceu, passou a vida adulta e profissional na mesma região da cidade. Então você observa moradores da região do bairro Amambaí e desde sempre ele tem por hábito fazer o mesmo itinerário que vai na Rua Bahia, na Afonso Pena e cruzar 14 de Julho para acessar o Parque dos Poderes, por exemplo. E se ele fazia esse trajeto de bicicleta, continua fazendo o mesmo de moto ou carro”, comentou.

Para o especialista, a presença de agentes de trânsito nas ruas, com mais frequência, também ajudaria. Ainda é pontuado que o aumento pode estar relacionado ao relaxamento dos motoristas.

“O radar continuou prestando o funcionamento para que foi feito, que é de aferir o excesso de velocidade registrado para fim de autuação e para que dê imposição de penalidade, então o que ocorre é que passado o período da implantação desse equipamento, que foi de dois anos atrás, a maioria dos condutores de Campo Grande passou a prestar menos atenção nos equipamentos e deixando de reduzir a velocidade do equipamento por consequência foram flagrados nessa situação”, relatou.

Ainda é dito por Carlos que muitos dos meios adotados para fiscalizar esse tipo de infração ou para gerar a redução de velocidade são respeitados apenas no pedaço onde há uma intervenção.

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