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Capital

Celebridade na internet, Deolane vem à Capital ver “Fantasma”

Influencer com 16 milhões de seguidores, a criminalista esteve duas vezes na carceragem da PF de Campo Grande

Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 04/05/2023 20:10
Uma das fotos postadas por Deolane Bezerra enquanto ela estava em terras campo-grandenses. (Foto: Reprodução)
Uma das fotos postadas por Deolane Bezerra enquanto ela estava em terras campo-grandenses. (Foto: Reprodução)

Advogada e influenciadora digital com 16 milhões de seguidores, Deolane Bezerra esteve em Campo Grande nesta semana para visitar um cliente. Embora não seja a defensora contratada por Caio Bernasconi Braga, conhecido como “Alemão” ou “Fantasma da Fronteira”, a criminalista, conhecida também por advogar para traficantes, foi à carceragem da Polícia Federal na Capital para visitá-lo, um dia após a prisão do “cliente”, em Ponta Porã – cidade da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

O burburinho de que a celebridade da internet estava em Mato Grosso do Sul para defender o acusado de tráfico começou na quarta-feira (3), dia que ela chegou à Capital. A informação, porém, não foi confirmada. Para o Campo Grande News, Josimary Rocha de Vilhena, advogada que acompanhou à distância a audiência de custódia de Bernasconi, negou que estivesse trabalhando em parceria com Deolane.

Com registro e endereço profissionais no Amapá, mas que atende em número de São Paulo, Josimary participou de chamada de vídeo com o juiz Vitor Figueiredo de Oliveira, da 2ª Vara Federal de Ponta Porã, para análise da legalidade da prisão de Bernasconi. Ele pôde ter conversa privada com a defensora por meio de sala virtual, conforme registrado na ata da audiência.

Ata da audência de custódia registra outra advogada como a representante de "Fantasma". (Foto: Reprodução)
Ata da audência de custódia registra outra advogada como a representante de "Fantasma". (Foto: Reprodução)

O Campo Grande News apurou, contudo, que Deolane esteve por duas vezes na Superintendência da PF na Capital, pela manhã e no fim da tarde de quarta-feira, para ver homem apelidado de “Fantasma”.

Embora Campo Grande abrigue outro acusado de tráfico com o mesmo apelido – Jorge Adalid Granier Ruiz, conhecido na Argentina como “Narcofantasma” –, a reportagem também apurou que Bernasconi seria mesmo o contratante da criminalista.

Ela não respondeu aos contatos da reportagem, que apurou ainda que Deolane se hospedou no Hotel Deville Prime, na Avenida Mato Grosso, e almoçou em restaurante famoso da cidade antes de partir no voo das 18h40 desta quinta-feira (4) para Guarulhos (SP).

Ela chegou no Aeroporto Internacional de Campo Grande acompanhada de outras três pessoas, por volta das 17h30, despachou bagagem e foi direto para a sala de embarque. Ninguém a parou para fazer fotos e vídeos.

Diferente do barulho que faz quando viaja para trabalhar como influenciadora digital, nestes dois dias, ela também adotou postura mais discreta nas redes sociais, postando fotos e vídeos sem mostrar onde estava. Ontem, Deolane publicou foto vestida com terninho azul editada com a balança, símbolo do Direito.

Caio Bernasconi Braga, conhecido como "Fantasma da Fronteira", segundo a PF. (Foto: Direto das Ruas)
Caio Bernasconi Braga, conhecido como "Fantasma da Fronteira", segundo a PF. (Foto: Direto das Ruas)

Quem é? – Deolane Bezerra viu o número de seguidores explodir quando ficou viúva de MC Kevin, funkeiro que morreu aos 23 anos depois que caiu da varanda do quinto andar de um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Nas redes sociais, a advogada ostenta carros, roupas e joias, muitas vezes com a mansão avaliada em R$ 11 milhões, segundo o Uol, como plano de fundo. Em entrevista exclusiva a Splash, do portal nacional de notícias, a "mãe estourada", como se autointitula, diz que sua fortuna vem do escritório de direito criminal, que abriu em 2017, e das publicidades.

Sobre ter fama de ser advogada do PCC (Primeiro Comando da Capital), ela diz que não é hipócrita de afirmar que recusaria um cliente por ele ser faccionado. “Advogo para pessoas e não para uma facção. Um advogado criminalista em São Paulo não tem como afirmar que nunca advogou para um membro do PCC, a não ser que você advogue para clientes baixos. Eu prefiro os grandes, que me pagam bem. Não tem como ser hipócrita. Atendo uma pessoa que supostamente pertence a uma organização”.

Em Mato Grosso do Sul, ela não aparece como advogada em nenhum processo, nem na Justiça Estadual e nem na Federal, a não ser que atue em ações que tramitam em sigilo e não aparecem na busca processual on-line.

E o “Fantasma”? - Segundo a Polícia Federal, o traficante conhecido como “Fantasma da Fronteira” estava sendo procurado há oito anos, quando teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de Bauru (SP). Em agosto de 2020, ele foi alvo de outro mandado de prisão, decretado pela 4ª Vara Federal de Recife (PE), no âmbito da Operação Além-Mar, deflagrada pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul e em outros 11 estados e no Distrito Federal.

Conforme as investigações, Bernasconi lidera esquema de envio de drogas que saíam da fronteira com Mato Grosso do Sul e ficavam armazenadas no interior paulista antes de serem despachadas para portos do Nordeste, para então chegar à Europa.

Equipes da Força Nacional e até veículos de guerra do Exército brasileiro foram mobilizados para reforçar a segurança no entorno da Delegacia da Polícia Federal em Ponta Porã, na terça-feira (2), após a prisão do acusado de tráfico internacional. A intenção era evitar uma tentativa de resgate do homem.

O juiz Vitor Figueiredo de Oliveira registrou a necessidade do forte aparatado de segurança. “Conforme amplamente divulgado na mídia (inclusive nacional), houve o deslocamento de Caio para a Capital do Estado, em razão da sensibilidade dos fatos a ele imputados, tendo havido a intervenção até do Comando do Exército local para garantir seu cárcere”.

O magistrado decidiu ontem pela homologação da prisão. “O mandado de prisão cumprido é formalmente regular, cadastrado no BNMP (Banco Nacional de Mandados de Prisão), em observância a todos os requisitos previstos nos arts. 285 e seguintes do Código de Processo Penal, com validade ainda vigente. Em depoimento colhido na presente audiência, o custodiado não relatou qualquer violação a seus direitos. Assim, homologo a prisão realizada”.

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