Cliente diz que foi ameaçado por motoboy: "você não sabe com quem tá falando"
Empresário confirma discussão com motoboy, mas nega agressão; casa dele foi alvo de "buzinaço" da categoria
Na casa do empresário de 52 anos, a família ainda está assustada com o “buzinaço” promovido por motoboys, ontem à noite. Além do barulho, contabiliza estragos, como vidros dos carros trincados e o portão arrombado. Tudo por conta de discussão entre ele e o entregador de quatro porções de açaí.
“Você não sabe com quem tá falando”. A frase teria sido dita pelo motoentregador Igor Brum, 21 anos, ao empresário na noite de ontem, por volta das 20h, no Jardim Paulista.
Antes de chegar na ameaça, os dois já tinham discutido, conforme relatou o empresário ao Campo Grande News, hoje.
O empresário diz que usou o aplicativo Ifood para comprar açaí para ele, esposa, o filho de 12 anos e a sobrinha, que fazia visita. O sogro, de 83 anos, acamado, já estava dormindo nesse momento.
Segundo o empresário, o motoentregador já começou a buzinar na esquina da rua, antes mesmo de chegar até a casa dele, local da entrega. Neste momento, ele estava nos fundos e veio andando até o portão.
“Quando abri, ele continuou buzinando, várias vezes”, contou. Contrariado com isso, disse ao rapaz: “Você nunca mais buzina na frente da minha casa, tem campainha já para não fazer isso”.
No relato do empresário, o rapaz respondeu: “Então coloca uma placa na frente da sua casa que é proibido buzinar”. Ele rebateu: “Não precisa de placa porque tem campainha”. O empresário também argumentou que não teria como saber que a buzina daquele momento era para avisar da entrega dele, por conta da movimentação na rua.
A discussão começou e até o filho do empresário, de 12 anos, se aproximou. Segundo ele, o motoentregador já tinha recebido o código de entrega, mas disse que não iria repassar a encomenda.
O empresário, então, rebateu. “Você vai entregar sim”, disse, pegando a sacola bag, que estava no guidão da motocicleta. Ele nega que tenha empurrado ou praticado qualquer agressão contra o rapaz. Somente pegou a bag para que o outro abrisse e pegasse as porções.
Depois disso, entrou na casa, mas notou que o motociclista continuava no local, mexendo no celular. O filho o alertou para pegar a placa do veículo e fazer reclamação no Ifood. Voltou, abriu o portão e fez foto da placa. Nesse momento, o garoto teria pedido desculpas para o motociclista. Foi aí que teria ouvido a ameaça. “Você não sabe com quem você mexeu”.
A partir daquele momento, o empresário notou movimentação esporádica de motos na rua e algumas buzinas, mas não se preocupou. Nem quando um grupo parou na frente da casa, por volta das 22h30, alguns deles, fazendo manobras.
Pouco depois, o grupo aumentou e o número de motociclistas passava de 100. Pedras foram jogadas para dentro da casa, o portão foi chutado e o buzinaço ganhou volume ensurdecedor. Bombinhas também foram jogadas no imóvel.
A mulher se refugiou no quarto do pai, cuja janela ficava na parte da frente; a sobrinha foi para cozinha e o garoto de 12 anos, em gesto de desespero, se posicionou em frente da porta da sala, que já estava trancada, mas como forma de tentar evitar possível invasão. “A sensação era de pavor, nós fomos refém na nossa própria casa”, disse a esposa do empresário.
O empresário diz que os vizinhos enviaram mensagens, perguntando se estava tudo bem e ele respondeu que já havia chamado a polícia.
Na madrugada de hoje, um boletim de ocorrência foi registrado por ameaça, danos e vias de fato em que os dois constam como vítimas. Na garagem, há várias pedras que teriam sido lançadas pelo motoentregadores. Algumas atingiram o para-brisa dos carros. O portão teria sido arrombado e o de elevação foi aberto. Alguns entregadores chegaram a circular na entrada e, depois, saíram.
O empresário repassou vídeo ao Campo Grande News que mostra parte do momento do encontro com o motoentregador. A sequência de imagens não é completa e não mostra nem a suposta agressão, dita pelo rapaz, nem quando o dono da casa disse ter segurado a bag para que o outro entregasse o produto.
O empresário disse que enviou reclamação ao Ifood sobre o ocorrido, mas não obteve resposta. Emocionado, ele afirma ser incapaz de agredir alguém. Diz que aprendeu a lição e que nunca mais vai usar o aplicativo novamente.
A reportagem entrou em contato com assessoria do aplicativo Ifood. Em nota, informou que o "uso de violência é inaceitável" e que o caso citado já está sendo apurado internamente e que está à disposição para colaborar com as autoridades.
A empresa informa, ainda, que as boas práticas da relação entre entregadores e clientes têm sido reforçadas nos canais de comunicação da empresa, também em campanhas nas redes sociais e pelo próprio aplicativo para clientes.
Versão – O motoentregador Igor Brum alega que foi empurrado pelo homem, conforme entrevista dada ao Campo Grande News.
“Me pegou pela alça da bag. Ele puxou, me derrubou com as costas no chão, tirou a bag de mim, pegou o pedido dele, chutou minha caixa, passou o código e vazou para dentro. O filho dele saiu, pediu desculpa, eu falei: Isso não se faz com motoboy, o cara me agrediu, me jogou no chão e deu um chute na bag ainda, isso não se faz”.
#Inicialmente, o nome do empresário foi divulgado, mas retirado posteriormente, a pedido dele. O texto foi atualizado às 16h08.