Com medo da violência, moradores do Santa Emília evitam andar pelas ruas à noite
Com o final do expediente, quem vive na região relata que sensação de insegurança é mais comum quando escurece
Conhecido por suas ruas movimentadas durante o dia, o Jardim Santa Emília, em Campo Grande, ganha uma atmosfera de insegurança à noite, de acordo com quem vive no bairro. Relatos de roubos, violência e falta de policiamento foram os mais comuns entre os moradores da região.
Após morar no bairro por um ano e meio, o aposentado José Luiz, de 80 anos, compartilhou suas preocupações em relação à crescente incidência de roubos na região. José relata que foi uma das vítimas. “Há um tempo atrás, entraram na minha casa e roubaram minha bicicleta. Eu tinha acabado de arrumar ela. Levaram ela novinha”.
Para José, a situação se agrava durante a noite. Ele alerta para a importância de estar atento e cuidadoso para evitar situações desagradáveis. “Quando dá o meu horário, lá pelas 18h, eu vou pra casa. Não pode dar bobeira. Eu não tenho medo, mas não pode bobear”.
Na percepção do comerciante Roberto Sasse, de 59 anos, a sensação de insegurança é comum em bairros da periferia de Campo Grande. Entretanto, casos de assassinato na região o deixaram assustado. “Todo bairro é assim, perigoso. Só que vira e mexe acontece umas coisas que deixam a gente preocupado. Como esses casos de assassinato”.
Já para a atendente de padaria Geovana Aguero, de 34 anos, a sensação de insegurança não é tão forte, mas ela toma precauções para garantir sua segurança. “Não é tão perigoso de dar medo, mas não é tão seguro para andar na rua à noite. Dá para viver”.
Há 20 anos morando no bairro, ela explica que evita andar pelas ruas a qualquer hora. “Tenho minhas precauções. No final da tarde, perto da noite, não carrego celular. Também evito sair tão tarde”, complementa Geovana.
Apesar de nunca ter sido alvo de assaltos, Geovana explica que há dois anos sua filha foi vítima de um. “Quando ela [sua filha] tinha 16 anos, foi assaltada na rua debaixo de casa, na companhia do namorado. Eram dois caras de moto e colocaram uma arma na cintura dela. Aí levaram os celulares. Não era tão tarde, era por volta das 19h”.
Ela comenta que áreas mais movimentadas, como a Avenida General Alberto Carlos Mendonça de Lima, trazem sensação momentânea de segurança graças ao movimento.
Entretanto, em algumas áreas mais internas do bairro, Geovana explica que as pessoas são mais cautelosas, cientes de que a prevenção é essencial. “Para dentro do bairro precisa ter mais cuidado”, alerta a atendente.
Casos - Somente neste ano, o Campo Grande News noticiou um caso de roubo, dois assassinatos e uma perseguição policial com tiros. O primeiro incidente ocorreu no dia 5 de janeiro de 2023, quando um jovem, de 23 anos, foi preso com carro furtado após perseguição e tiros. Ele não teve o nome divulgado pela polícia.
Outro caso aconteceu no dia 24 de abril de 2023, quando dois homens morreram durante confronto com a Polícia Militar, no período da noite. Segundo a Polícia Militar, ambos estavam acompanhados por um terceiro no veículo com mais de 100 quilos de cocaína. O caso aconteceu na Rua Japim, localizada no Bairro Santa Emília, em Campo Grande.
O último incidente noticiado aconteceu no dia 27 de julho. Conforme noticiado pelo Campo Grande News, câmeras de seguranças registram o momento em que um homem furta residência, localizada no Jardim Santa Emília.
No vídeo enviado à reportagem, é possível ver o ladrão conversando com o motorista de um carro preto. Em seguida, retirando itens da casa que estava vazia porque era horário de serviço dos donos. Foram furtadas duas televisões, um notebook, botijão de gás, micro-ondas, bolsas e outros pertences do casal.
Medidas de segurança - Assim como o Jardim Santa Emília, outros bairros da região Lagoa também são penalizados com a falta de uma unidade da Polícia Militar. A unidade mais próxima fica no bairro Aero Rancho, a 5 km de distância.
A reportagem entrou em contato com a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), responsável pelo policiamento preventivo na região, para compreender quais são as medidas de segurança aplicadas pelas equipes policiais.
De acordo com a instituição policial, as rondas preventivas e abordagens policiais ocorrem diariamente em todos os bairros da Capital, inclusive no Jardim Santa Emília, e têm sido intensificadas de acordo com o emprego operacional das viaturas.
Na região, a PMMS explica que o patrulhamento é realizado diuturnamente, por meio das viaturas operacionais da 10ª Companhia Independente de Polícia Militar e de unidades especializadas, como o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e o Batalhão de Choque.
A PMMS também reiterou que o policiamento é realizado com base na análise de dados estatísticos, extraídos dos Boletins de Ocorrências e também dos atendimentos à comunidade local. "A área tem sido patrulhada constantemente e as viaturas monitoradas em tempo real, com rondas programadas conforme a mancha criminal e ainda com incremento conforme solicitações que chegam ao quartel que cuida da região", explica a instituição por meio de nota.
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