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Capital

Comerciantes reclamam de abandono, enquanto revitalização fica na gaveta

Christiane Reis | 09/08/2016 18:08
Lojas fechadas na Rua 14 de julho. (Foto: Alcides Neto)
Lojas fechadas na Rua 14 de julho. (Foto: Alcides Neto)

Inúmeras lojas fechadas, com placas de aluga-se, mostram bem que as principais ruas do Centro de Campo Grande não chamam mais a atenção dos empresários. Na mais otimista das previsões, a tão sonhada revitalização da região, prevista no programa Reviva Centro, vai “cair no colo” da próxima administração municipal.

Quem confirma o cenário negativo é o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Região Central, Adelaido Vila. “Desde que houve a proposta de mudanças, nós só estamos perdendo. As mudanças nas fachadas foram feitas, não ajudaram nada, hoje dificulta que os próprios consumidores encontrem as lojas. É só andar pelas ruas que vemos placa de aluga e vende para todo lado. As grandes lojas estão deixando o Centro e daqui a um tempo vai se transformar em centrão popular. Tão cedo isso não vai se resolver, pois o ano é de eleições e a situação ficará para o próximo prefeito”, resume.

O empresário Robson Alves tem loja na área do vestuário na Rua 14 de Julho e diz que a situação atual traz um sentimento de abandono. “Precisamos que lembrem de nós, que lembrem dos comerciantes do Centro de Campo Grande, porque hoje o sentimento é de que estamos abandonados. Pagamos caro e não temos incentivos. Esperamos que a revitalização ocorra o quanto antes, porque realmente estamos esquecidos”.

Carlos Bellin, que mantém loja de calçados também na 14 de Julho, conta que está no local há 20 anos e que, apesar de ter considerado a proposta do Reviva Centro muito bonita, até agora nada ocorreu e ainda não se sabe o motivo. “Em algum momento o projeto foi esquecido e isto é muito ruim para os lojistas”.

Ele lembra que é preciso fazer algo para atrair o consumidor ao Centro da Cidade. Para iniciar o tão sonhado projeto, conclui, será preciso planejamento eficiente.

Na Rua Dom Aquino quase esquina com a 14 de julho, o cenário se repete (Foto: Christiane Reis)
Na Rua Dom Aquino quase esquina com a 14 de julho, o cenário se repete (Foto: Christiane Reis)
Consumidores não têm cobertura para caminhar na Rua 14 de julho. (Foto: Christiane Reis)
Consumidores não têm cobertura para caminhar na Rua 14 de julho. (Foto: Christiane Reis)

Para o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Hermas Renan Rodrigues, é grande a frustração por parte dos empresários, diante da inércia do municípios com relação ao caso. “É uma situação delicada, pois o empresário fez o que lhe cabia e o Poder Público nada fez até agora. A proposta não evolui”, disse. Ele contou que os empresários estão formando uma comissão para cobrar providências e conhecer os motivos que justifiquem tanta demora.

A Prefeitura foi procurada pelo Campo Grande News, mas até a conclusão da reportagem não deu retorno. No site oficial do município, a informação mais recente sobre a situação do projeto é que o prefeito, Alcides Bernal (PP), esteve em Brasília, na quarta-feira (3), para tratar de diversos assuntos, entre eles a autorização do Senado para o Executivo da Capital tomar emprestado US$ 56 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A ideia do projeto é um 'shopping ao céu aberto', prevendo prioridade ao pedestres, acessibilidade, mobiliário urbano.

O Plano para Revitalização do Centro foi instituído em 20 de julho de 2010 pela Lei Complementar 161. No ano seguinte, a prefeitura baixou decreto sobre os anúncios nas fachadas das lojas, exigindo reformas. Em 2014, foi criado o Funcentro (Fundo de Fomento ao Plano de Revitalização do Centro).

Consumidores - A exemplo do presidente do Conselho de Segurança da Região Central, Adelaido Vila, os consumidores acreditam que o pouco realizado até agora não trouxe benefícios. “Está muito ruim, sem originalidade, época de fim de ano e datas comemorativas fica insuportável, não tem nem sombra para podermos andar. O povo está deixando de vir aqui”, declarou a dona de casa, Irene Fagundes, 56 anos.

“Ficou bem difícil para identificar as lojas. Muito pequeno, não conseguimos ver e essa questão das coberturas também dificulta. Hoje, dia de chuva, não temos caminhar”, disse a técnica de enfermagem, Andrea Theodoro Siqueira, 35 anos.

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