Comissão da Câmara e professores vai liderar negociação com Olarte
Após uma manhã de protestos, o professores em greve deixaram a Câmara Municipal de Campo Grande com o anúncio da formação de uma comissão mista, que vai liderar a negociação do reajuste salarial de 8,46%.
O grupo, com três representantes da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) e 18 vereadores, foi formado após a suspensão da sessão para conversa por telefone com o prefeito Gilmar Olarte (PP), que está em São Paulo.
A comissão vai se reunir com o prefeito ainda hoje, provavelmente no fim da tarde. Amanhã, às 8h, a categoria faz nova assembleia. Caso a greve prossiga, é planejado um abraço coletivo no prédio da prefeitura, na avenida Afonso Pena.
“Agora o líder está incumbido de conseguir a agenda para dar encaminhamento”, afirma a vereadora Rose Modesto (PSDB). Vice-presidente da Câmara, Flávio César (PTdoB) afirma que os parlamentares vão trabalhar para ter acordo.
Os professores que acompanharam a sessão acreditam que a comissão foi para ganhar tempo. “Colocar a gente em banho-maria”, diz Rosalina Nascimento, 45 anos.
Para a professora Neuzilene Teles, 32 anos, a criação do grupo acalma os ânimos, mas ela cobra uma resposta quanto ao reajuste. “Como vou passar para o meu aluno que tem que seguir regra, se o governante não segue?”, questiona.
Nesta quinta-feira, primeiro dia da greve que pode deixar até 94 mil alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino) sem aulas, mais de 1.200 professores lotaram a Câmara. Entre os vereadores, predominou o discurso de cobrança para que o prefeito aplique o reajuste previsto na Lei 5.189/2013.
Paulo Pedra (PDT) pediu a renúncia de Olarte, enquanto Thaís Helena (PT) e Luiza Ribeiro (PPS) sugeriram abertura de processo de cassação. Líder do prefeito, o vereador Edil Albuquerque (PMDB) propôs ampliar em dois dias o prazo de negociação. Olarte busca em São Paulo recursos de R$ 50 milhões com a antecipação do pagamento da outorga onerosa da Águas Guariroba.
Salário - O reajuste de 8,46% vai elevar a remuneração por 20 horas ao piso nacional da categoria. O impacto estimado na folha de pagamento é de R$ 3,3 milhões.
Levantamento feito pela Semad (Secretaria Municipal de Administração) aponta que os professores da rede municipal de ensino da Capital, com curso superior, têm atualmente uma média salarial de aproximadamente R$ 2,9 mil, valor 76% superior ao piso nacional da categoria, até 40h, fixado em R$ 1.697 para o nível médio.