Conselho propõe transferir Centro Pediátrico para escola desativada
A sugestão do Conselho Municipal de Saúde para que o serviço de especialidades pediátricas fique na região central de Campo Grande será adaptar o prédio onde funcionava a escola Cenec, localizado ao lado da prefeitura. Por hora, o atendimento segue no PAI (Pronto Atendimento Infantil), no antigo Hospital Sírio Libanês, que deve ser fechado diante de polêmicas envolvendo estrutura e custos de manutenção. O aluguel do hospital custa R$ 194,5 mil por mês ao município.
Sebastião Júnior, integrante da mesa diretora do órgão consultivo, afirma que compensa mais gastar com reformas de um lugar que pertence ao município que injetar verbas em um imóvel privado. Além disso, ele garante que o colégio não precisaria de grandes intervenções para se adequar às normas que regem as unidades de saúde.
Essa alternativa será apresentada na audiência pública para debater a viabilidade do PAI, marcada para sexta-feira (25) na Câmara Municipal.
A opinião pública contrária ao encerramento da unidade tem plantado a dúvida entre os gestores. O serviço é bastante elogiado pelos usuários, tendo em vista a qualidade e humanização. O problema é que ele não recebe verbas do SUS para funcionar e depende de dinheiro dos cofres municipais, que poderiam ser revertidos para amenizar o caos que se instalou na cidade diante da crise.
Sebastião Junior explica que o PAI compreende dois níveis de atenção. O primeiro deles é o pronto atendimento, que deve ser novamente realocado nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). O segundo envolve as consultas com especialistas.
“Uma unidade de saúde deve atender exigências da Vigilância Sanitária em relação aos cuidados e estruturas para a não proliferação de doenças. Essas adequações onde o PAI está hoje ficariam caras, mas no Cenec custariam menos, além de ser um prédio público. Pretendemos ventilar essa proposta, mas não somos nós que vamos determinar o destino da audiência, mas sim a própria Casa de Leis”, diz o conselheiro.
Problemas – O PAI já rendeu duas ações civis públicas contra o ex-prefeito Gilmar Olarte (PP). Uma delas pede ressarcimento por valores gastos no aluguel do prédio. Outra o acusa de improbidade por conta de uma sequência de erros no local.
Entre as questões levantadas pelo MPE (Ministério Público) estão a criação da unidade mesmo sem previsão de recursos; salários das equipes de atendimento superiores aos dos colegas que trabalham com as mesmas funções na periferia; migração de profissionais dos bairros para o centro, desguarnecendo o atendimento nos postos e a violação da Lei do SUS pela centralização de um serviço de saúde.