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Capital

Consórcio não implanta sistema que indica horário de linhas de ônibus

Flávia Lima | 26/01/2015 09:37
Pontos de ônibus têm placas com os itinerários, mas não detalha horários do ônibus (Foto:Marcelo Calazans)
Pontos de ônibus têm placas com os itinerários, mas não detalha horários do ônibus (Foto:Marcelo Calazans)

Formado por quatro empresas de transporte coletivo, o Consórcio Guaicurus, que em outubro de 2012 venceu a licitação para explorar o serviço por mais 20 anos na Capital, ainda não cumpriu uma das cláusulas mais importantes do documento, que facilitaria a vida dos campo-grandenses que utilizam o transporte público: a implantação do Sistema de Informações Georreferenciadas.

Na prática, o sistema consiste em disponibilizar ao usuário, informações de horário das linhas e a duração do itinerário. Os dados poderiam ser consultados em tempo real através de painéis e totens instalados nos terminais de ônibus e através de aplicativos de celular. Dessa forma, o usuário não perderia tempo nos pontos e terminais a espera do transporte, já que poderia consultar com facilidade os horários das linhas que utiliza e calcular melhor o tempo de sair de casa, sem correr o risco de chegar no local de embarque com muita antecedência ou após o coletivo ter passado.

O benefício já poderia estar sendo usufruído pelos passageiros desde outubro, quando encerrou o prazo estabelecido na época da concessão para que o serviço fosse implantando, mas até agora não saiu do papel. De acordo com o contrato, a quatro empresas receberão, nas próximas duas décadas, R$ 3,4 bilhões dos usuários do transporte público. O consórcio deve investir R$ 350 milhões no transporte da cidade até o fim do prazo da concessão, que pode ser prorrogada por mais 10 anos.

Na ocasião da assinatura do contrato, em 2012, a prefeitura prometeu concluir as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que contam com a implantação de corredores exclusivos para ônibus e recapeamentos das avenidas com maior fluxo do transporte coletivo. No início deste mês, o prefeito Gilmar Olarte (PP) garantiu a conclusão do pacote de obras que vai executar em Campo Grande ao longo de 2015 em parceria com o governo federal, através do PAC.

Uma das obras é justamente um corredor que será implantando na Avenida Bandeirantes. O investimento na construção de corredores do transporte coletivo, novos terminais e recapeamento nas principais avenidas, como a Bandeirantes, Consul Assaf Trad, entre outras, está orçado em R$ 180 milhões.

Os usuários do transporte coletivo ouvidos pelo Campo Grande News desconhecem totalmente o sistema e sequer sabiam da obrigatoriedade da sua implantação por parte das empresas. Porém, todos concordam que caso o georreferenciamento seja implantado, vai contribuir com a otimização do tempo de quem utiliza o serviço. Eles reclamam que a tabela disponível no site da Assetur, associação que reúne as empresas do consórcio, contém erros e informações desencontradas quanto ao horários e itinerário dos ônibus.

A assistente de telemarketing Jéssica de Oliveira, 20, é uma das que não confia nas informações do site. Ela utiliza as linhas 061 Moreninhas/Shopping e 062 Moreninhas/Expresso para trabalhar no centro da cidade. “Às vezes fico esperando 40 minutos em cada uma delas porque a tabela que as empresas dispõem na internet nem sempre batem”, reclama.

A assistente de telemarketing Jéssica Oliveira não confia na tabela divulgada no site das empresas. (Foto:Marcelo Calazans)
A assistente de telemarketing Jéssica Oliveira não confia na tabela divulgada no site das empresas. (Foto:Marcelo Calazans)
O militar Lucas Soares diz que o georreferenciamento ajudaria a otimizar o tempo do passageiro. (Foto:Marcelo Calazans)i
O militar Lucas Soares diz que o georreferenciamento ajudaria a otimizar o tempo do passageiro. (Foto:Marcelo Calazans)i

Ela também ressalta que nos finais de semana, quando o número de veículos é reduzido, o tempo de espera aumenta. A funcionária pública Marlene Matos reprova a qualidade do transporte público da Capital. Ela afirma que utiliza as linhas 122 e 521, que vão até o Parque dos Poderes, onde trabalha e reclama que chega a ficar 40 minutos esperando pelo ônibus no ponto da rua Rui Barbosa. “Se soubéssemos melhor o horário de saída do ônibus no terminal, poderíamos cronometrar nossa saída de casa”, diz.

O militar Lucas Soares Vera, 21, utiliza várias linhas por dia e acredita que o sistema de georreferenciamento seria imprescindível para agilizar sua ida ao trabalho todos os dias.”Já cheguei a ficar mais de uma hora esperando no ponto. A gente fica sem saber se o carro quebrou ou se saiu com atraso do terminal”, enfatiza.

Para o aposentado Hamilton Alves Botelho, 65, o sistema seria um instrumento para o usuário reivindicar o cumprimento dos horários das linhas. “Temos compromissos, não dispomos de tempo para ficar esperando. Do jeito que está, não temos como controlar o horário das linhas”, afirma.

Já o consultor de vendas Lucas Almeida, 40, revela que mora no Paraná, mas utiliza o transporte público de Campo Grande a cada 15 dias, quando vem a cidade a trabalho. Ele explica que em Curitiba o sistema já existe, mas que no início não era controlado e só passou a operar em sua plenitude após denúncias na mídia local. “Tem que reclamar, caso contrário as empresas não se mexem. Agora praticamente não há atrasos lá”, destaca.

Morador de Curitiba, onde  sistema já funciona, Lucas acredita que serviço evita atrasos. (Foto: Marcelo Calazans)
Morador de Curitiba, onde sistema já funciona, Lucas acredita que serviço evita atrasos. (Foto: Marcelo Calazans)
Aposentado acredita que sistema irá facilitar na fiscalização do cumprimento de horários. (Foto: Marcelo Calazans)
Aposentado acredita que sistema irá facilitar na fiscalização do cumprimento de horários. (Foto: Marcelo Calazans)

O Sistema Integrado de Transportes, que começou a ser implantado em 1991, conta com oito terminais. Conforme a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), o sistema totaliza 166 linhas, com uma média de 219 mil passageiros/dia. As empresas que compõem o Consórcio Guaicurus são Cidade Morena, Viação Campo Grande, Jaguar e São Francisco.

A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o sistema já foi implantado nos ônibus e estão prontos para começar a funcionar, no entanto, precisam integrar-se a um software (programa operacional) que esta em fase de desenvolvimento pelo IMTI (Instituto Municipal de Tenológia e Informação).

Segundo a assessoria, ainda não existe um prazo para que o programa seja concluído. O IMTI, por sua vez, afirmou que o software que irá operar no georreferenciamento está em fase de conclusão e deve ser finalizo ainda no primeiro semestre de 2015.

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