Consórcio não implanta sistema que indica horário de linhas de ônibus
Formado por quatro empresas de transporte coletivo, o Consórcio Guaicurus, que em outubro de 2012 venceu a licitação para explorar o serviço por mais 20 anos na Capital, ainda não cumpriu uma das cláusulas mais importantes do documento, que facilitaria a vida dos campo-grandenses que utilizam o transporte público: a implantação do Sistema de Informações Georreferenciadas.
Na prática, o sistema consiste em disponibilizar ao usuário, informações de horário das linhas e a duração do itinerário. Os dados poderiam ser consultados em tempo real através de painéis e totens instalados nos terminais de ônibus e através de aplicativos de celular. Dessa forma, o usuário não perderia tempo nos pontos e terminais a espera do transporte, já que poderia consultar com facilidade os horários das linhas que utiliza e calcular melhor o tempo de sair de casa, sem correr o risco de chegar no local de embarque com muita antecedência ou após o coletivo ter passado.
O benefício já poderia estar sendo usufruído pelos passageiros desde outubro, quando encerrou o prazo estabelecido na época da concessão para que o serviço fosse implantando, mas até agora não saiu do papel. De acordo com o contrato, a quatro empresas receberão, nas próximas duas décadas, R$ 3,4 bilhões dos usuários do transporte público. O consórcio deve investir R$ 350 milhões no transporte da cidade até o fim do prazo da concessão, que pode ser prorrogada por mais 10 anos.
Na ocasião da assinatura do contrato, em 2012, a prefeitura prometeu concluir as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que contam com a implantação de corredores exclusivos para ônibus e recapeamentos das avenidas com maior fluxo do transporte coletivo. No início deste mês, o prefeito Gilmar Olarte (PP) garantiu a conclusão do pacote de obras que vai executar em Campo Grande ao longo de 2015 em parceria com o governo federal, através do PAC.
Uma das obras é justamente um corredor que será implantando na Avenida Bandeirantes. O investimento na construção de corredores do transporte coletivo, novos terminais e recapeamento nas principais avenidas, como a Bandeirantes, Consul Assaf Trad, entre outras, está orçado em R$ 180 milhões.
Os usuários do transporte coletivo ouvidos pelo Campo Grande News desconhecem totalmente o sistema e sequer sabiam da obrigatoriedade da sua implantação por parte das empresas. Porém, todos concordam que caso o georreferenciamento seja implantado, vai contribuir com a otimização do tempo de quem utiliza o serviço. Eles reclamam que a tabela disponível no site da Assetur, associação que reúne as empresas do consórcio, contém erros e informações desencontradas quanto ao horários e itinerário dos ônibus.
A assistente de telemarketing Jéssica de Oliveira, 20, é uma das que não confia nas informações do site. Ela utiliza as linhas 061 Moreninhas/Shopping e 062 Moreninhas/Expresso para trabalhar no centro da cidade. “Às vezes fico esperando 40 minutos em cada uma delas porque a tabela que as empresas dispõem na internet nem sempre batem”, reclama.
Ela também ressalta que nos finais de semana, quando o número de veículos é reduzido, o tempo de espera aumenta. A funcionária pública Marlene Matos reprova a qualidade do transporte público da Capital. Ela afirma que utiliza as linhas 122 e 521, que vão até o Parque dos Poderes, onde trabalha e reclama que chega a ficar 40 minutos esperando pelo ônibus no ponto da rua Rui Barbosa. “Se soubéssemos melhor o horário de saída do ônibus no terminal, poderíamos cronometrar nossa saída de casa”, diz.
O militar Lucas Soares Vera, 21, utiliza várias linhas por dia e acredita que o sistema de georreferenciamento seria imprescindível para agilizar sua ida ao trabalho todos os dias.”Já cheguei a ficar mais de uma hora esperando no ponto. A gente fica sem saber se o carro quebrou ou se saiu com atraso do terminal”, enfatiza.
Para o aposentado Hamilton Alves Botelho, 65, o sistema seria um instrumento para o usuário reivindicar o cumprimento dos horários das linhas. “Temos compromissos, não dispomos de tempo para ficar esperando. Do jeito que está, não temos como controlar o horário das linhas”, afirma.
Já o consultor de vendas Lucas Almeida, 40, revela que mora no Paraná, mas utiliza o transporte público de Campo Grande a cada 15 dias, quando vem a cidade a trabalho. Ele explica que em Curitiba o sistema já existe, mas que no início não era controlado e só passou a operar em sua plenitude após denúncias na mídia local. “Tem que reclamar, caso contrário as empresas não se mexem. Agora praticamente não há atrasos lá”, destaca.
O Sistema Integrado de Transportes, que começou a ser implantado em 1991, conta com oito terminais. Conforme a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), o sistema totaliza 166 linhas, com uma média de 219 mil passageiros/dia. As empresas que compõem o Consórcio Guaicurus são Cidade Morena, Viação Campo Grande, Jaguar e São Francisco.
A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o sistema já foi implantado nos ônibus e estão prontos para começar a funcionar, no entanto, precisam integrar-se a um software (programa operacional) que esta em fase de desenvolvimento pelo IMTI (Instituto Municipal de Tenológia e Informação).
Segundo a assessoria, ainda não existe um prazo para que o programa seja concluído. O IMTI, por sua vez, afirmou que o software que irá operar no georreferenciamento está em fase de conclusão e deve ser finalizo ainda no primeiro semestre de 2015.