CRM defende autonomia do médico para adotar “kit prevenção”
Sindicato teme estímulo a automedicação, mas vê com bons olhos adoção de protocolo
O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) defende que médicos tenham autonomia para receitar ou não a pacientes o que a Prefeitura de Campo Grande está chamando de “kit prevenção”, mesmo protocolo de uso profilático de medicamentos já existentes no mercado seja adotado na rede municipal de saúde.
“Tanto o CRM-MS quanto o CFM (Conselho Federal de Medicina), entendem que o profissional médico tem conhecimento para decidir qual a melhor opção a ser tomada, averiguando cada caso e decidindo junto com o paciente a utilização ou não do medicamento”, afirmou o presidente do conselho, Maurício Jafar, via assessoria de imprensa.
Já o presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana Silveira, teme que a divulgação do uso dos medicamentos em larga escala seja porta aberta para a automedicação, mas acredita que um protocolo, decidido coletivamente, serve como direcionamento para os profissionais da área cuidarem dos pacientes. “Em relação a medicação para casos leves, que a prefeitura quer adotar, a partir do momento que fora adotado um protocolo pela secretaria, é uma orientação. O que a gente não aceita é a automedicação”.
Em mensagem distribuída no Whatsapp, nesta segunda-feira (6), o secretário estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, o médico Geraldo Resende, já havia se manifestado mais uma vez contrário a adoção de "tratamentos profiláticos" contra a covid-19, como está em vias de ser concretizado pela prefeitura, em atendimento a sugestão de grupo de 250 médicos.
Resende também alertou para os riscos de automedicação e para o que chamou de "falsa sensação de segurança" proporcionada por esse tipo de opção.
Neste fim de semana, durante transmissão ao vivo, o prefeito de Campo Grande chegou a dizer que "usa quem quiser" o “kit de prevenção”, que seria um tratamento para quem contraiu o novo coronavírus e não tem sintomas graves, incluindo a hidroxicloroquina, o polêmico remédio já alvo de inúmeras discussões, ivermectina, usada para combater vermes, e ainda dois antibióticos para tratamento respiratório.
O protocolo ficou de ser apresentado para aprovação, mas ainda não foi efetivado.