Secretário vê risco de automedicação e falsa sensação de segurança em kit covid
Em mensagem distribuída, Geraldo Resende critica "tratamento preventivo" contra a covid-19
Em mensagem distribuída no Whatsapp, nesta segunda-feira (6), o secretário estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul, o médico Geraldo Resende, manifestou-se mais uma vez contrário a adoção de "tratamentos profiláticos" contra a covid-19, como está em vias de ser concretizado pela prefeitura de Campo Grande, em atendimento a sugestão de grupo de 250 médicos.
Em tom de reprovação, como já havia usado em transmissão ao vivo neste domingo, Resende alertou para os riscos de automedicação e também para o que chamou de "falsa sensação de segurança" proporcionada por esse tipo de opção.
"O isolamento social, o uso de máscaras, as etiquetas de higiene ainda são os únicos antídotos contra o novo coronavírus", repetiu o titular da Secretaria Estadual de Saúde.
"Como médico e secretário de Saúde do Estado de Mato Grosso do Sul reafirmo que o embasamento científico sempre norteou e continuará norteando nossas decisões nas ações de combate e prevenção ao coronavírus", assinalou.
Nas palavras do secretário, houve a lembrança, de, até o presente momento, não existir tratamento comprovado para prevenir, tratar e curar a covid-19. "Existem pesquisas sobre diversos tratamentos farmacológicos em andamento, mas sem conclusão definitiva sobre a eficácia dos mesmos", citou.
"O médico decide" - Resende, que todos os dias praticamente participa da transmissão ao vivo para divulgar dados da pandemia e orientar a população, ressaltou como decisão inerente ao profissional de Medicina a prescrição do tratamento para o paciente. "Importante deixar claro que a decisão pelo protocolo medicamentoso e sua prescrição são prerrogativa e responsabilidade individual do médico assistente e que deve haver, para o seu uso, consentimento do paciente, bem como anuência e concordância dele e/ou da família".
Sobre os medicamentos em análise pela prefeitura de Campo Grande para adoção do "kit prevenção", como chamou o prefeito Marquinhos Trad (PSD), o secretário comentou que "a hidroxicloroquina e outros sempre" estiveram e estão à disposição no Mato Grosso do Sul.
"Existem em grande quantidade no estoque da Secretaria de Estado de Saúde, e foram distribuídos aos hospitais", reforçou o secretário estadual de saúde sobre os medicamentos propostos.
Depois, reiterou que a prescrição é prerrogativa do profissional médico assistente e de sua inteira responsabilidade. "Repito que deve haver, para o seu uso, consentimento do paciente e/ou dos familiares".
Protocolo - Neste domingo, durante a live que faz todos os dias, o prefeito de Campo Grande chegou a dizer que "usa quem quiser" sobre o kit de prevenção. A ideia foi apresentada por um grupo de médicos na semana passada, com base em experiencias de outras cidades e países.
Seria um tratamento para quem contraiu o novo coronavírus e não tem sintomas graves. Inclui hidroxicloroquina, o polêmico remédio já alvo de inúmeras discussões, ivermectina, usada para combater vermes, e ainda dois antibióticos para tratamento respiratório.
O protocolo ficou de ser apresentado para aprovação, mas ainda não foi efetivado.