De forma silenciosa, família protesta durante júri: "queremos justiça", diz mãe
Diego Eufrásio da Silva, 24, morreu ao ser atingido por 12 disparos de pistola, após briga em festa
De forma silenciosa, vestindo camisetas brancas e a frase: "O resto da minha vida sem meu filho", os familiares de Diego Eufrásio da Silva, de 24 anos, pedem justiça. Eles acompanham, nesta terça-feira (19), o julgamento de Marcus Vinicius Costa Ruiz e Reginaldo Luciano Cavalhero, acusados por matar o rapaz com 12 tiros, em outubro de 2016, em Campo Grande.
Diego estava em um posto de combustíveis, no cruzamento da Avenida Duque de Caxias com a Rua Brasil Central, quando foi assassinado. Os réus são acusados de atirar em Diego por vingança, após uma briga em uma festa, onde supostamente a vítima teria atirado contra um amigo do autor dos disparos.
A mãe de Diego, Josimara Fernandes da Silva, de 49 anos, conversou com a imprensa momentos antes do júri começar nesta manhã. A dor de perder o filho caçula é sentida todos os dias, relata a mulher. "Acabou com a minha vida e com a da nossa família. Eles não mataram só meu filho, mataram nós também. Tenho saudade de tudo, todo os dias, eu tenho saudade dele", lamenta.
A mãe procura respostas até hoje, já que o filho não conhecia os suspeitos. "Foi uma execução, foram para matar o meu filho. Eles não conheciam meu filho, ninguém conhecia eles. Não sei por que fizeram isso com tanta crueldade", questiona.
Josimara lembra que no dia que o filho saiu para festa, o alertou para não brigar. "Eu falei: 'Cuidado com briga'. Ele respondeu 'Mãe, eu vou brigar com quem? Eu sou amigo de todo mundo', aí vieram essas pragas e mataram o meu filho. Eu espero justiça, porque é uma dor que não desejo nem para a mãe deles, porque dói demais."
A irmã de Diego, Simone Eufrásio da Silva, de 35 anos, também busca respostas, pois afirma que o irmão nem gostava de sair. "Ele não era vagabundo, não mexia com nada errado, sempre trabalhou desde novinho. Eu nem sei por que ele foi nessa festa, nem era de sair", lamenta.
O caso - O mecânico havia saído de uma festa com os amigos e de acordo com informações de um primo dele, que se identificou apenas como Raul, Diego apresentou comportamento estranho e saiu várias vezes do local.
Pouco tempo depois de chegarem ao posto de combustíveis, por volta das 6h, um homem desceu de um Honda Civic e efetuou 20 disparos, 12 contra Diego. Outras três pessoas também foram atingidas e socorridas. Um deles foi baleado na perna.
Diego cumpria pena desde julho de 2015, por porte ilegal de arma de fogo. De acordo com relatório de processo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o crime ocorreu no dia 14 de setembro de 2011, quando o mecânico foi flagrado transportando um revólver. Ele foi julgado e condenado a três anos de reclusão em regime aberto, além de multa de 1/30 do salário mínimo.
A defesa justifica que Marcos e Fabiano pararam para falar com Diego e que o mecânico teria iniciado os disparos. Versão que Josimara contesta, já que no corpo do filho foram encontrados 15 tiros: sete no pescoço, dois na cabeça, dois nas nádegas e quatro no ombro.