Defesa de jornalista busca prisão preventiva de músico investigado por agressão
O músico recorreu à Justiça Estadual e ao STJ para obter liberdade provisória
A defesa da jornalista, de 37 anos, que denunciou o namorado por violência doméstica, busca a prisão preventiva do músico investigado por agressão. O fato ocorreu em 3 de março, mas só se tornou público nesta terça-feira (12), após o suspeito ter sido posto em liberdade.
RESUMO
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A defesa de uma jornalista de 37 anos busca a prisão preventiva de seu namorado, um músico, acusado de violência doméstica. O caso, ocorrido em março, veio à tona após o suspeito ser liberado. A defesa quer reverter a decisão de soltura e aplicar medidas cautelares. A vítima, que gravou um vídeo com o rosto sangrando, relatou agressões enquanto segurava a filha. Um laudo psicológico aponta violência psicológica e dependência emocional. O músico, que usará tornozeleira eletrônica, não pode se aproximar da vítima. A advogada do suspeito não comentou o caso.
O Campo Grande News conversou com o advogado da vítima na manhã de hoje. Segundo Luiz Kevin Barbosa, a estratégia da defesa é tentar a revogação da decisão de soltura do suspeito. “O principal é tentar reverter essa decisão para que ele responda preso e, depois que alguma posição for tomada, nós vamos medir outras medidas cautelares, caso o desembargador entenda que ele não vai responder preso.”
O músico foi preso em flagrante e recorreu à Justiça Estadual e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para obter liberdade provisória. Sua soltura foi publicada na edição de terça-feira do Diário Oficial do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Ele deverá usar tornozeleira eletrônica, não poderá se aproximar da vítima e precisará comparecer a todos os atos do inquérito, além de se apresentar mensalmente à Justiça para comprovar endereço e justificar suas atividades.
Na manhã de hoje, o advogado vai até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) para tentar fazer com que a vítima seja ouvida formalmente. “À tarde, vou levá-la para prestar depoimento. Depois, vamos pegar as informações ditas por ela e pelas testemunhas e peticionar em 1º grau para determinar que esse rapaz não possa se aproximar de todos os familiares dela, inclusive da filha deles, de 8 meses, e da faculdade da enteada de 19 anos. Inclusive, ela estava saindo de casa por conta dele”, informou o advogado.
Laudo psicológico – A defesa da vítima teve acesso a um laudo psicológico emitido pela profissional que a acompanhou por sete meses. No documento, a psicóloga Leda Cristina de Souza Nunes revelou que, desde o início do tratamento, a jornalista relatava dificuldades em seu relacionamento. O relatório será anexado ao processo.
Leia o laudo na íntegra:
“Declaro, para os devidos fins, que a paciente esteve sob minha assistência profissional em acompanhamento psicológico de dezembro de 2023 a junho de 2024, comparecendo regularmente às sessões, na frequência de um encontro semanal.
Desde o início, a paciente apresentou como queixas principais severas dificuldades em seu relacionamento amoroso e desejo por melhorá-lo, considerando não somente a duração do vínculo, mas também seus sentimentos e a recente descoberta de sua gestação oriunda de tal relacionamento.
Durante o período em que esteve em atendimento, apresentou queixas recorrentes de sofrimento emocional relacionadas ao seu então companheiro, que indicava violência psicológica. A paciente relatava passar por episódios de humilhação, desprezo e distanciamento afetivo, os quais foram vivenciados por ela como manifestações de comportamento abusivo. Em dúvidas sobre sua percepção, apresentava evidências (mensagens, prints, áudios etc.) que corroboravam sua interpretação dos fatos. Tais condutas de seu então parceiro reforçavam na vítima sentimentos de confusão, insegurança, ansiedade e desvalorização.
Do ponto de vista clínico, observou-se que a paciente apresentava características compatíveis com padrões de dependência emocional, tendo, por diversas vezes ao longo de seu processo terapêutico, manifestado grande dificuldade em romper o vínculo com seu parceiro, mesmo diante de constantes experiências de sofrimento e desgaste emocional, em evidente conflito com sua própria vontade e bem-estar emocional”.
A pedido da defesa, a imagem do laudo não será publicada. A psicóloga, no final do relatório, se colocou à disposição para mais esclarecimentos.
Procurada pela reportagem, a advogada do suspeito, Dayane Lescano de Rezende, disse que não irá se pronunciar sobre o caso. O contato também foi feito com o músico, mas as mensagens e ligações não foram atendidas. Para a polícia, o investigado nega veementemente que tenha agredido a namorada.
Denúncia – A jornalista gravou um vídeo sangrando, no qual denuncia ter sido espancada pelo namorado, um músico de 38 anos. Segundo apuração da reportagem, a jornalista narrou à polícia ter sido atingida por vários golpes, todos enquanto segurava a filha no colo. Ela diz acreditar que o agressor só parou ao perceber que a criança estava em seus braços.
A jornalista contou ainda que buscou abrigo na casa de uma vizinha e enviou o vídeo para seus irmãos. Rapidamente, um deles chegou ao local e, juntos, foram até o condomínio onde o agressor mora, no Bairro Morada Verde.
O irmão da vítima, que é policial civil, deu voz de prisão ao agressor, que foi encaminhado à Deam com o apoio de uma equipe da Polícia Militar.
No vídeo compartilhado pela vítima, ela aparece com o rosto sangrando e segurando a filha no colo. Na gravação, desabafa: “Eu fui agredida. Ele não vai mais encostar a mão na minha filha. Por p... nenhuma, ele me bateu.”
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