Demolição de 6 casas com arquitetura antiga é investigada em Campo Grande
As raridades deram lugar a banco, sobrado, prédio, escola particular e estacionamento de açougue
Raridades em Campo Grande, mais seis casas com arquiteturas coloniais, neocolonial, art déco e eclética desapareceram dos terrenos onde foram erguidas nos últimos cinco anos. Depois de constatar que foram demolidas, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) investiga se houve autorização dos órgãos responsáveis por cuidar do patrimônio histórico e cultural da Capital. Outras cinco que também foram demolidas já são parte de inquéritos do MP.
RESUMO
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Em Campo Grande, pelo menos seis casas de arquitetura histórica (colonial, neocolonial, art déco e eclética) foram demolidas nos últimos cinco anos, dando lugar a estacionamentos, agências bancárias, sobrados e prédios escolares. O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) investiga se houve autorização para a demolição desses imóveis, localizados em zonas de interesse cultural, levantando questionamentos sobre a preservação do patrimônio histórico da cidade. Proprietários e responsáveis pelas obras alegam ter seguido os trâmites legais, mas o MPMS aguarda respostas da prefeitura sobre a autorização e o valor histórico das construções demolidas.
Duas delas deram lugar a uma agência bancária, enquanto uma terceira teve o terreno transformado no estacionamento de um açougue. Outra casa virou um sobrado com arquitetura "quadrada" da atualidade e fachada em tons de preto e cinza. Quanto às duas restantes, uma hoje é um prédio locado por escola e a última é edifício com três pavimentos e subsolo em construção.
Relatório assinado por arquiteto do Ministério Público, em novembro do ano passado, mostra fotos do antes e depois e certifica a demolição dos imóveis de valor cultural e histórico para o município.
Todos os endereços estão localizados em zonas especiais de interesse cultural definidos pelo Plano Diretor de Campo Grande.
Veja quais são os imóveis e o que justificam os proprietários ou responsáveis pelos locais:
Rua 14 de Julho, 3820 - Casinha no estilo neocolonial virou estacionamento para clientes do açougue ao lado. A atual proprietária relata que já tinha o comércio quando comprou o imóvel vizinho para oferecer estacionamento aos clientes. Ela confirma que a construção antiga estava no local, à época, e foi demolida. "Essa parte burocrática foi feita pelo meu corretor. A demolição foi autorizada e está dentro da legalidade", afirmou.
Rua 13 de Junho, 1508 - Casa de arquitetura eclética abriu espaço para prédio em construção. Já tem subsolo para estacionamento e três pavimentos, contando com o térreo. A reportagem esteve no local e tentou falar com o responsável pela obra, mas ele não estava. A construtora identificada em uma placa foi contatada, mas não deu retorno até o fechamento desta matéria.
Rua Saldanha Gama, 754 - Casa colonial foi derrubada para a construção de um sobrado. O morador do local informou que a demolição e a edificação seguiram todos os trâmites legais.
Rua Maracaju, 683 e 693 - Duas casas de arquitetura art déco foram demolidas e o terreno virou um só, onde foi construída uma agência da Caixa Econômica Federal. Ao MPMS, a Prefeitura de Campo Grande informou que as áreas foram anexadas e receberam matrícula municipal única. A reportagem entrou em contato com a empresa responsável pelo prédio e com a assessoria de imprensa do banco, que afirmou que a demolição foi decisão da prefeitura e não diz respeito à instituição.
Rua da Imprensa, 191 - Terreno onde havia casa no estilo art déco virou sede de escola particular. O espaço é locado atualmente. O proprietário do imóvel foi questionado se recebeu autorização para demolição antes de construir o prédio e alugá-lo, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.
O mesmo relatório técnico produzido cita mais dois imóveis que teriam sido demolidos, mas o inquérito relacionado a eles não foi encontrado. O Campo Grande News questionou a assessoria de imprensa do MPMS se a investigação foi ou será aberta e aguarda resposta.
Valor histórico - Nos inquéritos abertos para investigar a demolição de cada um dos imóveis, o MPMS frisa que os imóveis estão inventariados pelo Plano Diretor Municipal e devem ser preservados, sob pena de responsabilização civil, administrativa e penal ao infrator. "A Constituição da República não apenas reconhece, mas impõe a efetivação do direito fundamental social ao patrimônio histórico e cultural, devendo este ser preservado e, quando necessário, restaurado, a fim de ser tutelado [...]", destaca.
O órgão enviou ofícios à Prefeitura de Campo Grande perguntando se houve autorização para demolir e pediu levantamento sobre o valor histórico de cada edificação que desapareceu. O prazo dado para resposta é de 15 dias.
A reportagem também questionou a prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, sobre as informações, mas sem sucesso.
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