Depois de 73 dias de paralisação, greve dos professores pode encerrar hoje
Depois de 73 dias de paralisação dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), a greve pode ser encerrada na assembleia da categoria que será realizada na tarde de hoje na ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública), em razão de acordo que foi assinado com a prefeitura no final da manhã de hoje, em que o Executivo se compromete a pagar o reajuste de 13,01%, em 10 parcelas, a partir do mês de outubro.
Conforme o presidente da ACP, Geraldo Alves Gonçalves, na noite de ontem aconteceu uma reunião com os membros da Comissão da Educação da Câmara Municipal, o secretário de Governo e Relações Institucionais Paulo Matos e representantes do sindicato, em que foi “alinhavado” uma proposta, que para ele, significou um avanço nas negociações. “A prefeitura deixou o “se”, apresentado até então, e passa a se comprometer a pagar o reajuste de 13,01%, em 10 parcelas, a partir de outubro”, explicou o sindicalista.
No final da manhã de hoje, Geraldo Gonçalves, esteve na prefeitura para concluir a proposta com o secretário de Governo, Paulo Matos, e o secretário de Educação, Marcelo Salomão. O objetivo do encontro era a assinatura do acordo, que será apresentado na assembleia da categoria logo mais às 14 horas.
O presidente da ACP disse acreditar que, assinada a proposta, a tendência seria a categoria aprová-la e encerrar a greve, uma vez que representaria a reivindicação já deliberada anteriormente pelos professores. “Se aprovado o acordo, vamos encaminhá-lo ao Tribunal de Justiça por meio de petição para que a ação seja arquivada”, comentou Geraldo Gonçalves.
Se for aprovado o fim da paralisação, professores de 51 escolas, dados da ACP, que funcionam parcialmente voltam às salas de aula na próxima segunda-feira.
A paralisação na Reme (Rede Municipal de Ensino) começou no dia 25 de maio e durou 47 dias. Foi suspensa por 15 dias, durante as férias, e a categoria retomou a greve desde o dia 28 de julho, com o fim das férias escolares.
Censura – O professor Geraldo criticou a decisão da empresa ZOOM Publicidades, que numa ação considera de “censura à liberdade de expressão”, retirou nove outdoors que estavam espalhados por diversos locais da Capital, mostrando os 18 vereadores que “votaram contra a inclusão do descumprimento da lei 5.411 (piso dos professores) na Comissão Processante”, criada na semana passada na Casa, que pode cassar o mandato do prefeito Gilmar Olarte (PP).
A ACP contratou 10 locais para divulgação dos outdoors, que começou a ser publicado na segunda-feira. Restaria apenas um espaço em frente à Câmara Municipal, que seria exposto quando ficasse vago. Porém, nesta quinta-feira de manhã os nove outdoors com os vereadores amanheceram cobertos de branco. “Isso é uma clara demonstração de que o poder não está do lado dos trabalhadores. Foi censura. E não estávamos divulgando nenhuma mentira, apenas o que aconteceu na Câmara”, reclamou o professor Geraldo.
Conforme o presidente da APC, a empresa alegou que o conteúdo da publicação não teria sido avaliado previamente e contrariava seus princípios. Geraldo Gonçalves disse que, mesmo ter ficado apenas quatro dias, os professores conseguiram “dar o recado à população” e a empresa não faria a cobrança pelo serviço, considerando que suspendeu a divulgação antes do tempo.
Na sessão de ontem e hoje na Câmara, os vereadores que apareciam no outdoors e estão nos panfletos distribuídos pelo sindicato dos professores, criticaram a medida da ACP. Airton Saraiva (DEM) usou a Tribuna para desafiar o presidente do sindicato sobre o fato deles não apoiarem a categoria. Para o vereador, a Câmara aprovou a lei, mas seu cumprimento era obrigação do Executivo.
Durante a reunião com a comissão de Educação da Câmara, o próprio professor Geraldo disse que recebeu várias reclamações dos vereadores, mas alegou que não havia feito qualquer equívoco na publicação.
A reportagem tentou falar na empresa ZOOM Publicidades, mas ninguém atendeu, e ligou ainda ao proprietário Francisco Maia, que estava com o telefone fora de área ou desligado.