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Capital

Despachante envolvido em esquema do Detran alega que é vítima de roubo de senha

Hudson Romero Sanches disse que fraudes foram realizadas por terceiros usando suas credenciais

Por Jhefferson Gamarra | 10/07/2024 15:30
Fraudes aconteciam no sistema do Detran-MS para liberar veículos sem vistoria (Foto: Marcos Maluf)
Fraudes aconteciam no sistema do Detran-MS para liberar veículos sem vistoria (Foto: Marcos Maluf)

O despachante Hudson Romero Sanches, apontado pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), como um dos membros do esquema fraudulento instalado no Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) para e liberar indevidamente restrições administrativas de veículos em troca de propinas garante que é vítima da quadrilha liderada pelo também despachante David Cloky Hoffaman Chita e apoiado pela servidora afastada do Detran-MS, Yasmin Osório Cabral.

O esquema foi descoberto após uma denúncia de um servidor do órgão que notou irregularidades em 29 liberações administrativas no sistema de informações do Detran. As liberações ocorreram em duas datas: 2 em 9 de fevereiro de 2024 e 27 em 15 de fevereiro de 2024. Conforme as investigações, após as fraudes no sistema do Detran, Hudson tentou realizar o download de documentos de 10 veículos e conseguiu fazer o download de um.

Segundo o Dracco, Hudson exercia o papel de “executor externo operacional e suporte” do esquema fraudulento. Ele realizava a seleção e manipulação de informações de veículos alvos. Para a Polícia Civil, as tentativas de acessar documentos logo após remoções indevidas de restrições sugere conhecimento prévio das operações planejadas, indicando um papel estratégico de apoio nas atividades ilícitas investigadas.

A defesa de Hudson Romero Sanches, representada pelo advogado Mikhail Monteiro, nega veementemente seu envolvimento nas fraudes. O defensor alega que que seu cliente é inocente e vítima de um roubo de senha que teria sido utilizada sem autorização para realizar as baixas indevidas de veículos.

"Nosso argumento na investigação é que Hudson é uma vítima nesse caso, assim como os funcionários do Detran. A senha dele foi utilizada para efetuar essas baixas, mas ele não reconhece essas transações como suas. O inquérito indica que uma das baixas foi feita por ele, com documentação completa, vistoria e assinatura do proprietário do veículo. No entanto, as demais baixas não são reconhecidas por ele", afirmou Monteiro.

"Além disso, solicitaremos à autoridade competente que quebre o sigilo do provedor de internet, pois o IP utilizado para acessar a senha de Hudson não corresponde aos dispositivos que ele usa. Este IP é desconhecido para ele. Temos esse dado, mas ainda precisamos de autorização para identificar o proprietário do computador responsável por esses acessos, que pode ser outro despachante ou outra pessoa", completou o advogado.

As investigações seguem em curso. David Cloky Hoffaman Chita apontado como líder do esquema está foragido. A servidora afastada do Detran-MS, Yasmin Osório Cabral, foi presa no último sábado e encaminhada ao presídio feminino. Hudson, que alega inocência, foi alvo de busca e apreensão em sua residência.

Investigação – O esquema foi descoberto após uma denúncia de um servidor do órgão que notou irregularidades em 29 liberações administrativas no sistema de informações do Detran. As liberações ocorreram em duas datas: 2 em 9 de fevereiro de 2024 e 27 em 15 de fevereiro de 2024. Todas foram associadas ao uso de seu login e senha, sendo que o servidor não estava no órgão ou realizou as ações nesses dias.

Além disso, as liberações divergiam do padrão adotado pelo servidor, limitando-se a frases genéricas como "OK VISTORIA". Com as suspeitas, foi instaurada uma investigação preliminar, que apontaram que as 27 liberações indevidas de 15 de fevereiro foram realizadas em um computador usado pela servidora comissionada Yasmi.

Ela havia pedido ajuda ao servidor para realizar uma consulta no sistema e acabou utilizando seu login e senha, que ficaram logados no computador. Foi identificado que um dia antes da fraude (14 de fevereiro), os documentos dos veículos foram baixados por despachantes: 25 veículos por David, 1 por Hudson Romero Sanches e Edilson Cunha, que pertenciam ao mesmo escritório despachante.

No dia seguinte, David e Hudson tentaram acessar novamente os documentos veiculares, sugerindo uma conexão entre os despachantes e as baixas indevidas. Conforme relatório da investigação policial, David, apontado com líder do esquema, mantinha um relacionamento amoroso extraconjugal e pagava Yasmin pelos serviços prestados.

Ela recebeu um iPhone 15 Pro Max entregue em uma cesta dentro do Detran-MS, joias, eletrônicos como ar-condicionado e televisão, além de valores em dinheiro via Pix. A investigação corre em sigilo e David continua foragido.

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