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Capital

Difíceis de encontrar, pontos de táxis estão cada vez mais vazios e abandonados

Agetran informa que todos os 85 locais existentes têm veículos cadastrados, mas as vagas vivem vazias

Izabela Cavalcanti | 22/01/2023 10:25
Ponto na Rua 25 de Dezembro, com pombo e lodo (Foto: Izabela Cavalcanti)
Ponto na Rua 25 de Dezembro, com pombo e lodo (Foto: Izabela Cavalcanti)

Com os motoristas de aplicativos cada vez mais em ascensão, os pontos de táxis, em Campo Grande, estão ficando no esquecimento da população e até mesmo dos próprios profissionais. Enquanto falta vaga no Centro, as faixas amarelas, que antes eram ocupadas pelos taxistas, atualmente vivem vazias, mas com a proibição de estacionar ainda vigente.

A equipe de reportagem do Campo Grande News percorreu algumas localizações e encontrou pontos em situações precárias. Alguns removidos e desertos, já outros sendo usados, mas com mínimas condições.

Vazamento, falta de energia, fios expostos e lodo são alguns dos problemas identificados.

Na Rua do Rosário, no Coronel Antonino, existia um local de partida e chegada de táxi, mas foi retirado. Atualmente, não tem ponto de identificação, apenas a palavra “táxi” quase apagada no chão. No Google tem um contato de telefone, que dá como inexistente.

No entanto, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informa que na Capital têm 85 pontos de táxis e que em todos possuem veículos cadastrados. O número é o mesmo desde 2018, por exemplo.

Tomada com fios expostos, em ponto de táxi na Rua Naviraí (Foto: Izabela Cavalcanti)
Tomada com fios expostos, em ponto de táxi na Rua Naviraí (Foto: Izabela Cavalcanti)

Diminuição de motoristas – O presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul), Flavio Panissa, afirma que a quantidade de pontos continua a mesma, o que diminuiu foram os motoristas circulando. Se comparar com cinco anos atrás, o número saiu de 450 para cerca de 360.

“A quantidade é a mesma, o que falta são os veículos lotarem. A quantidade de táxi que diminuiu e faz ter essa sensação de que não tem ninguém. Às vezes, os motoristas ficam 15 minutos e já sai para uma corrida”, explica.

Panissa também relata a questão da idade, já que vários profissionais estão perto de se aposentar. “Hoje, os permissionários são de idade. A pessoa não quer mais trabalhar, quer devolver para a Prefeitura”, completa.

O representante dos taxistas ainda lembra que em anos anteriores existiam os auxiliares, que são motoristas que trabalham para os titulares.

“A maioria dos trabalhadores, hoje, é o dono da sua própria ferramenta. Por isso, a frota é mais nova, tem Corolla, tem carro de quase 200 mil reais. Antigamente, o carro era entregue para o auxiliar, agora, é o próprio dono trabalhando”, disse.

Kazumori Myashiro, de 68 anos, é taxista há 13 anos. Ele conta que paga R$ 200 por mês para ter alvará e conseguir operar em um ponto na Avenida Afonso Pena.

“Há 5 anos, eu tinha cinco carros com dez motoristas trabalhando. Veio o Uber e vi que não compensava mais e comecei a trabalhar sozinho. Com o aplicativo minhas corridas caíram 50%”, lamenta.

Myashiro trabalha há 13 anos como taxista (Foto: Izabela Cavalcanti)
Myashiro trabalha há 13 anos como taxista (Foto: Izabela Cavalcanti)

Por lá, tem apenas um ponto coberto. Myashiro precisa dar conta da água gelada, internet, energia e do banheiro.

Em outro local, na Rua 14 de Julho, está Darci da Silva. Com 18 anos de experiência, o motorista auxiliar também reconhece a diminuição dos profissionais pelas ruas. “A gente paga tudo para trabalhar e eles não pagam nada. Só ficam invadindo nosso ponto. Diminuiu muitos taxistas por conta dos aplicativos”, pontua.

Neste local, tem um poste de madeira com o número do ponto, e o banco, sem cobertura, fica na calçada. Darci divide o assento com um vendedor ambulante. Ele também precisa se virar com a energia, água e banheiro.

Já na Rua Naviraí, no Bairro Coronel Antonino, tem o taxista Junior Sandim, de 48 anos. O profissional sente a ausência de mais permissionários.

“Na época que entrou os aplicativos ficou bem defasado. Mas agora, a maioria está investindo nos carros, são os donos que trabalham”, comenta. No ponto não tinha luz e fios estavam expostos. Do outro lado da rua, Junior contou que tem um banheiro construído para os taxistas.

Em uma simulação feita, do Bairro Coronel Antonino até o Shopping Campo Grande, por exemplo, de táxi está custando R$ 15 e de Uber, R$ 12,98.

Ponto retirado da Rua do Rosário (Foto: Izabela Cavalcanti)
Ponto retirado da Rua do Rosário (Foto: Izabela Cavalcanti)


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