Difíceis de encontrar, pontos de táxis estão cada vez mais vazios e abandonados
Agetran informa que todos os 85 locais existentes têm veículos cadastrados, mas as vagas vivem vazias
Com os motoristas de aplicativos cada vez mais em ascensão, os pontos de táxis, em Campo Grande, estão ficando no esquecimento da população e até mesmo dos próprios profissionais. Enquanto falta vaga no Centro, as faixas amarelas, que antes eram ocupadas pelos taxistas, atualmente vivem vazias, mas com a proibição de estacionar ainda vigente.
A equipe de reportagem do Campo Grande News percorreu algumas localizações e encontrou pontos em situações precárias. Alguns removidos e desertos, já outros sendo usados, mas com mínimas condições.
Vazamento, falta de energia, fios expostos e lodo são alguns dos problemas identificados.
Na Rua do Rosário, no Coronel Antonino, existia um local de partida e chegada de táxi, mas foi retirado. Atualmente, não tem ponto de identificação, apenas a palavra “táxi” quase apagada no chão. No Google tem um contato de telefone, que dá como inexistente.
No entanto, a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) informa que na Capital têm 85 pontos de táxis e que em todos possuem veículos cadastrados. O número é o mesmo desde 2018, por exemplo.
Diminuição de motoristas – O presidente do Sintáxi (Sindicato dos Taxistas de Mato Grosso do Sul), Flavio Panissa, afirma que a quantidade de pontos continua a mesma, o que diminuiu foram os motoristas circulando. Se comparar com cinco anos atrás, o número saiu de 450 para cerca de 360.
“A quantidade é a mesma, o que falta são os veículos lotarem. A quantidade de táxi que diminuiu e faz ter essa sensação de que não tem ninguém. Às vezes, os motoristas ficam 15 minutos e já sai para uma corrida”, explica.
Panissa também relata a questão da idade, já que vários profissionais estão perto de se aposentar. “Hoje, os permissionários são de idade. A pessoa não quer mais trabalhar, quer devolver para a Prefeitura”, completa.
O representante dos taxistas ainda lembra que em anos anteriores existiam os auxiliares, que são motoristas que trabalham para os titulares.
“A maioria dos trabalhadores, hoje, é o dono da sua própria ferramenta. Por isso, a frota é mais nova, tem Corolla, tem carro de quase 200 mil reais. Antigamente, o carro era entregue para o auxiliar, agora, é o próprio dono trabalhando”, disse.
Kazumori Myashiro, de 68 anos, é taxista há 13 anos. Ele conta que paga R$ 200 por mês para ter alvará e conseguir operar em um ponto na Avenida Afonso Pena.
“Há 5 anos, eu tinha cinco carros com dez motoristas trabalhando. Veio o Uber e vi que não compensava mais e comecei a trabalhar sozinho. Com o aplicativo minhas corridas caíram 50%”, lamenta.
Por lá, tem apenas um ponto coberto. Myashiro precisa dar conta da água gelada, internet, energia e do banheiro.
Em outro local, na Rua 14 de Julho, está Darci da Silva. Com 18 anos de experiência, o motorista auxiliar também reconhece a diminuição dos profissionais pelas ruas. “A gente paga tudo para trabalhar e eles não pagam nada. Só ficam invadindo nosso ponto. Diminuiu muitos taxistas por conta dos aplicativos”, pontua.
Neste local, tem um poste de madeira com o número do ponto, e o banco, sem cobertura, fica na calçada. Darci divide o assento com um vendedor ambulante. Ele também precisa se virar com a energia, água e banheiro.
Já na Rua Naviraí, no Bairro Coronel Antonino, tem o taxista Junior Sandim, de 48 anos. O profissional sente a ausência de mais permissionários.
“Na época que entrou os aplicativos ficou bem defasado. Mas agora, a maioria está investindo nos carros, são os donos que trabalham”, comenta. No ponto não tinha luz e fios estavam expostos. Do outro lado da rua, Junior contou que tem um banheiro construído para os taxistas.
Em uma simulação feita, do Bairro Coronel Antonino até o Shopping Campo Grande, por exemplo, de táxi está custando R$ 15 e de Uber, R$ 12,98.