Diretor da Santa Casa defende equipe e cogita falha mecânica em morte
Em depoimento à 1ª Delegacia de Campo Grande, o diretor técnico da Santa Casa, Luiz Alberto Kanamura, defendeu os funcionários do hospital e cogitou falha mecânica para justificar a morte de Adolfo Coelho de Souza, de 82 anos, após realizar tratamento de quimioterapia na unidade de saúde.
“Os funcionários são qualificados e bem instruídos. O que pode ter acontecido foi erro na máquina, uma desregulação”, disse, minutos antes de entrar na sala de depoimento.
Em manifestação anterior, a cuidadora Elza de Oliveira, 55 anos, que acompanhou o paciente, durante a internação, afirmou que o idoso morreu no dia 29 de agosto, após recebeu uma medicação em 120 minutos, em vez de ser aplicada gradativamente em cinco dias.
De acordo com Elza, o bipe, que identificava a velocidade da infusão do medicamento, estava em uma velocidade muito maior do que a de outro paciente que estava no mesmo quarto. “Vi que estava rápido, suspeitei, então perguntei para a enfermeira, que me falou que estava normal”, contou à delegada Ana Claúdia Medina.
“A enfermeira disse que eles não poderiam mexer na máquina, somente o pessoal da Oncologia”, completou Elza. A delegada explicou que a cuidadora cronometrou o intervalo dos bipes e comparou as máquinas de infusão. “Chamava muito a atenção dela. Ela disse que era visível que algo estava errado”, comentou.
Segundo Kanamura, que assinou documento para liberar o corpo do paciente, a Santa Casa quer “resolver tudo de forma lícita”. “Fomos nós que orientamos a família a procurar a polícia para apurar tudo”, ressaltou. “Também abrimos sindicância e estamos aguardando o resultado do exame necroscópico para saber se houve falha na máquina”, completou.
O diretor técnico também confirmou que o medicamento foi aplicado antes do indicado, mas evitou culpar os funcionários pelo erro. A 1ª DP apura ainda as mortes de Carmen Insfran Bernad, Norotilde Araújo Greco e Maria da Glória Guimarães. A três faleceram após tratamento de quimioterapia realizado na Santa Casa.
O serviço era feito por uma empresa terceirizada, que teve o contrato rompido, logo depois de os óbitos virem à tona. Ainda por causa das mortes, a Santa Casa anunciou que vai interromper os serviços de oncologia.