Mais duas mortes por quimioterapia são denunciadas na Polícia Civil
A 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande registrou mais duas denúncias de mortes de familiares que faziam tratamento de câncer na Santa Casa. Entre elas está Maria Luzia de Oliveira Santana, 50 anos, que relatou ontem (11) à delegada Ana Cláudia Medina, a morte do pai Antonio João de Oliveira, 78 anos, que tinha um câncer na garganta.
Luzia conta que em fevereiro, o pai, aposentado, foi submetido a uma sessão de quimioterapia na oncologia da Santa Casa. Após deixa o hospital, ele foi para a casa, em Nioaque, onde morava com o filho. Cerca de uma semana depois, começou a se sentir mal e apresentar sintomas como dores abdominais, feridas na boca e dificuldades para ingerir alimentos e para falar.
João foi trazido para a Capital e encaminhado a um posto de saúde. Em seguida foi internado em uma clínica e levado novamente para a Santa Casa, onde faleceu no início de março. “Ele estava bem, mas depois da quimioterapia ficou muito mal e morreu antes que conseguíssemos fazer alguma coisa”, disse Luzia lembrando que já pediu os documentos do pai ao hospital, para que possa levar à delegacia. “Quero saber o que aconteceu com ele, e porque morreu desse jeito”, completou.
A delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelas investigações, explica que depois que as mortes de três mulheres após sessões de quimioterapia vieram à tona, supostamente por alguma anormalidade durante o tratamento, as pessoas começaram a procurar a polícia para denunciarem mais casos.
“Eles (familiares) têm relatado alguns casos, no entanto, foram situações que aconteceram em períodos e situações diferentes das mortes que estão sendo investigadas, inclusive, até as doenças, o tratamento e o tipo de medicamento administrado eram distintos. Por este motivo, não conseguimos identificar se houve crime, até porque como o câncer é uma doença grave e de tratamento agressivo, é normal que as pessoas não resistam e morram, explicou.
Investigações – A polícia investiga os óbitos de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, e Maria Glória Guimarães, 61 anos, que morreram nos dias 10, 11 e 12 de julho, respectivamente, após apresentarem reações adversas durante o tratamento de câncer colorretal.
Na sexta-feira (08) 1ª Delegacia exumou os corpos de Carmen e Maria Glória, em cemitérios da Capital. Ontem (11), a delegada, peritos e investigadores foram até Jardim, onde recolheram materiais para análise do corpo de Norotilde. Medina disse que o objetivo é tentar encontrar substancias que possam ter causado as mortes das mulheres. Todas elas foram tratadas com um lote do medicamento Fluorouracil (5-FU).