Diretor de agência penitenciária entrega carta de demissão ao Governo
Juiz aposentado estava no cargo desde abril de 2015, quando substituiu o tenente-coronel da Polícia Militar do Estado, Pedro César Figueiredo de Lima
O juiz aposentado Ailton Stropa Garcia decidiu renunciar ao cargo de diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). A decisão foi comunicada ao governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), na tarde desta terça-feira (31), quatro dias depois da Operação GIRVE, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que investiga crimes do sistema penitenciário de Mato Grosso do Sul.
“Tomei a decisão para que a investigação corra livremente, para que tudo seja esclarecido, sem que haja qualquer restrição ou interferência, mesmo que involuntária”, confirma Stropa.
O ex-magistrado está no cargo desde abril de 2015, quando substituiu o tenente-coronel da Polícia Militar do Estado, Pedro César Figueiredo de Lima.
Na época, Stropa garantiu que iria trabalhar para melhorar o sistema carcerário em Mato Grosso do Sul, tanto no âmbito administrativo, quanto operacional, e que iria buscar soluções para ampliar o número de vagas nos presídios estaduais, a maioria com superlotação.
“A sensação é de dever cumprido em partes. Tinha muito mais coisas para fazer, mas tenho certeza que o secretário de Segurança, juntamente com o governador, vão encontrar a pessoa certa para me substituir e as transformações não vão parar, tudo vai continuar acontecendo , porque isso é um projeto do governo”, afirma.
Formado em direito pela Instituição Toledo de Ensino em 1977, antes de assumir o cargo na Agepen, Stropa atuava como operador do Direito, sendo juiz em Aparecida do Taboado, Fátima do Sul e Dourados e como substituto nas Comarcas de Campo Grande, Três Lagoas, Caarapó, Glória de Dourados, Deodápolis, Rio Brilhante e Maracaju.
Em 2014 disputou as eleições como candidato a deputado federal pelo DEM (Partido dos Democratas) e obteve 7.196 votos, além de ser membro da Academia Douradense de Letras. “Vou voltar para os meus trabalhos em Dourados, voltar para os meus planos particulares e acompanhar toda essa investigação. Depois que isso tudo for solucionado e esclarecido, que sabe o governador fique à vontade para me convidar novamente para contribuir como ele, como quiser”, disse.
Desgaste - Na sexta-feira (27), quando a GIRVE - nome dado à operação do Gaeco - foi desencadeada, Stropa lamentou o desgaste pela ação, que fez buscas em suas duas casas e local de trabalho, mas exaltou que seria uma oportunidade de mostrar que é honesto.
“Vimos a ação com muita satisfação, é uma forma de esclarecer todo e qualquer problema. Tenho uma vida, uma carreira e uma família para honrar. Sempre fui uma pessoa honesta”, disse.
Na tarde de hoje, o diretor voltou a lamentar a situação, principalmente por questões familiares. "Na Agepen, levantei muitas coisas que não eram corretas, tomei as providências que tinha que tomar de uma forma ética e agora o que se levantou em relação a mim é uma coisa muito pequena, mas trouxe desgaste e me efz pensar se valia a pena. Meu sonho, minha vontade, sempre foi contribuir, mas desde que não extrapolasse minha paz com minha família", disse.