Em meio a caos na saúde, 255 médicos pedem demissão na prefeitura
Em meio ao caos na saúde, com direito a superlotação, falta de remédios e greves de servidores, 255 médicos pediram demissão na Prefeitura de Campo Grande, de janeiro até a última quinta-feira (16). A debandada agravou o já caótico sistema e dificultou ainda mais o fechamento das escalas de plantão nas unidades de saúde da Capital.
Segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), 34 médicos concursados pediram exoneração, 221 convocados exigiram a revogação de contrato, totalizando 255 baixas, sem contar três profissionais que foram demitidos pela prefeitura.
Em média, conforme a Sesau, 1,2 mil médicos atuam na rede municipal de saúde. Para compensar a baixa de 21,25% do quadro, a secretaria recorreu ao banco de cadastro fixo de profissionais. A saída, no entanto, não resolveu o problema.
“A apresentação de médicos no cadastro reserva é inferior ao número de baixas”, admitiu a Sesau, via assessoria de imprensa. O resultado é a dificuldade de fechar as escalas. A situação se agrava ainda mais porque há profissionais faltosos.
O problema já chegou ao MPE (Ministério Público Estadual). Em junho, a promotora Filomena Aparecida Depolito Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça, concluiu instauração de inquérito a fim de investigar a falta de médicos para fechar plantões.
“A falta de médicos é notória. A situação é ainda mais complicada quando o assunto envolve pediatras”, comentou a promotora. “Tem procedimento para vistoriar cada uma das 83 unidades de saúde da Capital”, completou.
Presidente do Sindicato dos Médicos, Valdir Siroma está consciente da debandada e a atribui à falta de estrutura para trabalhar e a desvalorização profissional. Insatisfeita com os salários, a categoria chegou a parar por quase um mês em maio. A paralisação buscava reajuste e a volta das gratificações.
Após o anúncio do atraso do pagamento dos salários de julho, os médicos cogitam retomar a greve. Segundo Siroma, em acordo firmado perante à Justiça, a prefeitura garantiu o depósito dos salários até o quinto dia útil de cada mês.
Se a promessa for quebrada, conforme o presidente do sindicato, a tendência é de mais pedidos para sair. “A insatisfação é geral, além da falta de estrutura, o salário é baixo”, explicou. Ele contou ainda que os médicos estão trocando Campo Grande para dar plantões nos municípios vizinhos.